quarta-feira, agosto 31

A incoerência dos protecionistas

no Abrupto:

De uma notícia da Lusa:

A comissão de estratégia de produto da alemã Volkswagen recomendou que o novo modelo da gama Golf seja produzido na fábrica de Palmela, em Portugal, a partir de 2007, anunciou hoje a marca. Em comunicado, o construtor germânico diz que a comissão estima que, nas actuais condições, a empresa poderá poupar mais de mil euros por veículo se produzir o automóvel em Portugal comparado com a produção em Wolfsburg.

Por que razão é mais barato? Salários mais baixos. Será interessante ouvir a nossa "esquerda" anti-globalizadora sobre esta deslocalização. E os operários de Wolfsburg.


(Se mais provas fossem precisas de que o protecionismo das empresas nacionais é completamente ridículo e incorente... A fábrica em causa é responsável por 1,2 % dp PIB nacional, e está cá porque os salários são mais baratos do que na Alemanha)

silogismos marxistas, protecionistas, estatistas

O marxismo apenas resultou em miséria em todos os países do mundo.
O marxismo foi aplicado por pessoas.
Logo, a culpa é das pessoas.

As teorias políticas são feitas para ser aplicadas em pessoas.
O marxismo foi feito para ser aplicado às pessoas.
Logo, o marxismo é bom, as pessoas é que são más.

O comunismo foi/é o regime político que mais vítimas humanas causou em todo o mundo.
Os liberais são, intrinsecamente, anti-comunistas.
Logo, os liberais não sabem defender a sua ideologia, limitam-se a falar mal das outras (são invejosos!).

Portugal não tem sucesso economicamente.
Portugal não é, nem nunca foi, um país liberal, sendo que o Estado, hoje em dia, gasta mais de metade da riqueza nacional - Portugal é um país social-democrata (altamente estatizado).
Logo, o Liberalismo é mau para Portugal.

Os monopólios são maus para uma economia, pois anulam o mercado.
O Liberalismo defende o mercado pois apenas este pode evitar que o Estado crie os seus próprios monopólios.
Logo, o Liberalismo cria monopólios, o ideal é o Estado defender as empresas para evitar monopólios.

Salazar defendia os monopólios das empresas nacionais, sendo profundamente anti-liberal.
A defesa das empresas portuguesas ajudou a criar monopólios que empobreceram a população.
Logo, o Liberalismo é mau.

O Estado não consegue ajudar (financeiramente) todas as empresas.
Ajudar uma empresa significa que se está a priviligiar uma em detrimento de outra.
Logo, ajudando as empresas evita-se que o mercado crie monopólios.

O Estado cria injustiças e fomenta a corrupção do sistema, porque todos o querem dominar e usar para proveito próprio.
O Liberalismo pretende um Estado Mínimo, com pouca riqueza, para que ninguém se apodere da riqueza que é dos outros.
Logo, o Liberalismo quer é roubar os pobrezinhos.

Em Portugal a saúde, a educação, a segurança social são da exclusiva responsabilidade do Estado.
Em Portugal a saúde não funciona bem e custa demasiado dinheiro aos contribuintes, a Educação é das mais caras e ineficientes da Europa, a Segurança Social não está assegurada para que começa hoje a trabalhar porque quem já se reformou está a receber mais do que descontou.
Logo, a saúde, a educação e a segurança social não podem ser privatizadas.

Em Portugal a extrema-esquerda esteve no poder de Abril de 74 até Novembro de 75 e provocou danos na economia que se repercutiram durante mais de 20 anos (ou até aos dias de hoje).
Desde então o poder foi repartido por socialistas, sociais-democratas e democratas cristãos que não conseguiram remediar o mal feito.
Portugal nunca teve no poder um único governo liberal.
Logo, o Liberalismo é mau para Portugal.

O sistema político português não soube até hoje fazer crescer a economia de forma estruturada - apenas o conseguiu conjunturalmente, e de forma que não se consegue aferir a verdadeira responsabilidade do poder político (porque a economia não é estruturável por factores políticos).
O Liberalismo defende que o Estado deixe a economia em paz, para que esta se estruture livremente.
Logo, o Liberalismo é mau para a economia.

O Estado tem um défice de 6,83%.
O défice do Estado deve-se às suas excessivas despesas com pessoal (funcionários públicos) e pensionistas, reformados, subsídios a tudo e mais qualquer coisa.
Logo, deve-se subir o IVA para que toda a gente pague mais para os que recebem do Estado continuem a receber o mesmo.

O problema do défice do Estado é a despesa que cresce muito.
A receita não cresce mais porque os impostos a partir de determinado valor asfixiam a economia.
Logo, a solução é aumentar a despesa e subir os impostos.

O Estado tem património que teoricamente pertence a toda a gente: casas, carros, propriedades, dinheiro, reformas, boa vida, bons empregos.
Os contribuintes na prática nunca usufruem desse património, as únicas pessoas que o fazem são os que controlam o aparelho do Estado: políticos e funcionários públicos.
Logo, as privatizações são más.

O Estado não consegue tomar conta da saúde dos portugueses, acumulando filas de espera para cirurgias.
Os privados são os principais responsáveis pela diminuição da lista de espera dos hospitais, porque trabalham a sério.
Logo, a saúde não pode ser privatizada.

A Educação em Portugal é completamente controlada pelo Estado (ele próprio subsidia as escolas privadas que quer deixando de fora as de que não gosta).
Quando o poder político controla a Educação orienta-a ideologicamente - o resultado é a pior Educação da Europa.
Logo, a Educação não pode ser privatizada.

Portugal é dos países da Europa que mais gastam em Educação.
A Educação portuguesa é das piores da Europa.
Logo, deve investir-se na Educação.

O Socialismo desresponsabiliza as pessoas porque a culpa de tudo é do Estado.
O Liberalismo responsabiliza as pessoas pela sua vida.
Logo, o Liberalismo é desumano.

O controlo do aparelho do Estado permite injustiças, pois uns ganham privilégios à custa dos outros.
Os aparelhos de Estado apenas são controláveis por lobis muito poderosos ou muito ricos.
O Liberalismo não quer que o Estado tenha riquezas para que os grandes que têm acesso ao aparelho de Estado prejudiquem os mais fracos.
Logo, os liberais querem é mama.

Um país ou é Socialista ou é Liberal, porque o Liberalismo promove a responsabilidade individual e basta 1% de Socialismo para promover a desresposabilização do indivíduo.
O equilíbrio entre Socialismo e Liberalismo é impossível.
Logo, é preciso um equilíbrio entre Liberalismo e Socialismo.

O Estado sempre que ajuda uma empresa gasta o dinheiro das outras ajudando essa.
As boas empresas não precisam de ajuda.
Logo, o Estado deve ajudar as empresas.

O marxismo quer mudar a natureza humana pois esta é egoísta e individualista.
O Liberalismo entende a natureza humana e sabe que é impossível mudá-la.
Logo, o Liberalismo é mau e o Marxismo é bom.

O Liberalismo defende o mercado.
O mercado resulta da opções livres tomadas pelas pessoas.
Logo, o Liberalismo é mau.

O anti-liberalismo prejudica as economias.
Apenas as economias abertas permitem que nos países nasçam empresas forte e competitivas, ajudando a criar riqueza para o país.
Logo, o Liberalismo é impossível.

O Liberalismo defende a liberdade.
O Liberalismo defende a responsabilidade do indivíduo, e que nenhum indivíduo tem o direito de gastar o que é do outro.
Logo, o Liberalismo é uma teoria dos ricos que querem explorar os pobres.

Quem já encontrou alguma coisa aqui que faça sentido que me dê um tiro.

Exploração capitalista (corrigido)


Como se pode ver no gráfico ao lado, o aniversário da Biblioteca de Babel foi uma grande festa de visitas. (cf. dia 26).
No entanto, sabemos que esta festa se deve, essencialmente, à publicidade feita por outros blogs.
Os nossos agradecimentos para:
A Fonte
A Arte da Fuga
O Insurgente
Blasfémias
Tomar Partido
Tau-Tau
Cuidado de si
A vida dos meus dias


E a outros (milhares, por certo), que o Technocrati e o Sitemeter não conseguiram descobrir. Agora voltemos à luta.


A Direcção. (o título era para enganar mais quatro ou cinco marxistas que chegam aqui ao engano pelo google)

segunda-feira, agosto 29

o marxismo (umas ideias confusas que me fazem comichão)

Para o marxismo o dinheiro é vil, não haja dúvidas. A ignorância marxista não consegue perceber que o dinheiro é uma coisa tão natural no Homem como a Linguagem. É uma maneira de trocar o trabalho por bens, estimulando o humano para o trabalho e para prestação de serviços aos outros para seu próprio benefício. O dinheiro é o motivo de evolução de um Homem.

A teoria política e económica do Marxismo falhou. A mentalidade marxista e socialista, contudo ficou para sempre. Ficou nas ideias como a teoria que queria fazer o bem e não conseguiu. Era boa demais para os homens. Os lugares comuns que restaram ganharam uma superioridade moral fastidiosa: quem pensa como um marxista, ou socialista é uma pessoa de bem. Do outro lado estão os capitalistas maus, que só pensam em dinheiro. Para o marxista o dinheiro é vil. Ele prefere não trabalhar e ficar a falar mal de quem trabalha.

Acontece que toda a gente gosta de ter dinheiro, muito dinheiro. Toda a gente. Mas o marxista diz que o rico é ladrão (todos!), não diz que o rico é rico porque trabalhou mais que ele. O Marxista é Hipócrita e Invejoso. A riqueza material é a única maneira de motivar uma sociedade para o trabalho e a racionalidade. Mas há quem não esteja para se dar ao trabalho e viva desdenhando o que outros têm e fazem.

Porque é que a sic condena alguém que se presta a passar uma noite num centro de saúde na fila por outrém, para lhe conseguir uma senha? A resposta é simples. Porque envolve dinheiro. Se alguém fosse para a fila e depois desse a senha a outrém, sem pedir nada em troca seria elevado pelas TVs a herói nacional. Se envolve dinheiro é uma exploração. O que o dito cujo fez foi um serviço. Quem não quisesse não era obrigado. Mas cinco euros por uma noite ao relento é uma verdadeira pechincha, eu diria uma obra de caridade. Mas como envolveu o dinheiro que toda a gente parece odiar, já se trata de uma exploração.

Uma agência de viagens não leva uma pessoa ao seu destino, nem lhe dá albergue. É um intermidiário. Presta um serviço a quem não quer estar com trabalho a marcar a sua própria viagem. Mas basta o povinho ver uns senhores com gravata que o negócio passa a ser legítimo. Se for alguém à porta de um centro de saúde já é um escândalo.

Não tenhamos dúvidas: quem usa a palavra "exploração", quase em qualquer contexto, está a embarcar numa falácia, numa fraude, do marxismo. Quem usa a palavra "exploração" para caracterizar um negócio é marxista. Consequentemente é invejoso e ignorante. É invejoso porque despreza o esforço dos outros sem querer contribuir com o seu esforço. É ignorante porque desconhece a natureza humana e a sua própria natureza (ele sabe que queria fazer aquele negócio mas fala mal de quem o conseguiu fazer).

Este é o motivo que deve levar qualquer um a desprezar tais teorias: é a cultura da inveja e da hipocrisia.

domingo, agosto 28

"pela boca morre o peixe?!" (reposição)

(post em reposição para acabar com a discussão!)

Discutíamos o protecionismo, textêis chineses, concorrência, etc... E nos comentários, o protecionista diz assim:
A concorrência é necessária....com igualdade de condições para todos.

E eu:
Tens que explicar o que são igualdade de condições... essa não tem ponta por onde se lhe pegue.

O protecionista:
Eu em portugal SOU OBRIGADO a comprar filtros, contruir ETAR´S para a minha empresa e porque é que os chineses não são obrigados a nada disso?

E eu:
Se eles não cumprem as normas ambientais é pior para eles pois vão ter que levar com a poluição o que os atrasará em relação a nós...quando falamos de poluição atmosférica, que segundo alguns teóricos pode afectar a temperatura global o problema pode pôr-se de outra maneira: mas mais ridículo ainda se torna, pois se falamos de textêis... o que é que isso prejudica em termos de poluição?

o protecionista:
Produzir texteis não faz poluição, ahahahaha,vai ao vale do ave, ver os peixes dos rios.

E eu:
Mau... então nós não eramos obrigados a pôr filtros e construir ETAR's? Onde está a igualdade de condições? Tens razão.

Pois... o protecionista acaba de justificar porque devemos comprar os textêis chineses em vez dos portugueses.

post scriptum: afinal em que ficamos? se a produção de textêis cria externalidades negativas não é melhor importá-los? Sobre que lógica se pode defender o protecionismo afinal? Ambiental? Económica? Ideológica? Cheque-mate!

sábado, agosto 27

Aqui faz-se história... da música...

Depois de ser obrigada a ouvir Tony Carreira e outros que tal, numa viagem longa de autocarro, oiço alguém pedir para se meter Orquestra Típica Albicastrense. Para quem ainda não sabe, esta lançou recentemente um trabalho. E no autocarro em que viajei havia muitos simpatizantes que ficaram entusiasmados com a ideia de ouvir a O.T.A. (não confundir com a do aeroporto). No entanto, uma jovem de 26 anos, estudante de música, portanto, entendida na área, exclama: "Pimbalhada*1?! Nem pensar!" As suas exclamações foram claras mas ainda quis explicar que não gosta mesmo daquela música, da música pimba*2...

Podem confirmar neste mesmo blog de que música falamos, aqui e na selecção musical. Actualizem os vossos conceitos de música pimba. Afinal eu não percebo mesmo nada de música... nunca estudei História da Música...


*1 pimbalhada - palavra não dicionarizada. (Nem num dicionário que tem palavras como f****)
*2 pimba adj.2gén. [depr.] considerado de mau gosto ou vulgar.
in Dic. Porto Editora 2003

sexta-feira, agosto 26

A Ignorância da SIC

A SIC há pouco denunciou com pompa a venda de senhas à porta de um centro de saúde deste país (ver aqui a notícia). A coisa explica-se facilmente. Devido à falta de médicos as pessoas esperam meses por uma consulta. Quem quer ser atendido num dia tem que ir para a porta do centro de saúde esperar de véspera. Isto é, para conseguir uma consulta de urgência num dia tem que se ir para a porta do centro de saúde na noite anterior. Alguns vão para lá às 21 horas e passam a noite toda à porta. Essa é a única maneira de se conseguir ser atendido no próprio dia. Mas, como há pessoas que não podem (devido a motivos de saúde) ou não querem passar lá a noite toda pagam a um terceiro que fica lá à porta pela sua vez. Por esse serviço pagam qualquer coisa (cinco euros é o normal) à pessoa que lá ficou. Pagam-no voluntariamente porque, como disseram à equipa de reportagem, nem por 20 euros lá ficariam a noite. E alguns não conseguiriam por motivos de saúde. Aqui estão os dados do problema. A partir daí é o espectáculo SIC que denuncia a situação e culpa os miseráveis de tão ignobéis actividades.

Ora bem. O problema qual é? É a venda de senhas? Não. O verdadeiro problema é a falta de médicos do Serviço Nacional de Saúde, pois que estes recusam-se a trabalhar onde são precisos, preferindo acotuvelar-se em serviços onde há excedentes de médicos, mas onde podem ganhar mais não fazendo nada. Este é o problema que a ignorância da SIC não denuncia com pompa. Esse problema provoca filas e filas de espera à porta de Centros de Saúde. Há pessoas que não podem ou não querem passar noites em filas. Qual é a solução? A sociedade, sozinha, sem políticos oportunistas e repórteres ignorantes encontra sempre uma solução: a prestação de um serviço a outrém: alguém que se disponibiliza a passar uma noite na fila por outra pessoa a troco de um preço. Isto é uma normal prestação de um serviço. É uma solução. Mas a SIC condena a solução e denuncia-a. O poder político salta para a cena e presta-se a proibir isto e aquilo. Julgam que através de leis ridículas que não levam a nada condicionar os mecanismos normais de reacção de uma sociedade perante um problema. Tudo para proibir a solução. Mas ninguém fala do problema.

Serão assim todos tão estúpidos? Ou fazem isto para que a gente se distraia?

Um Ano de Biblioteca de Babel (2)

Escrevi porque pensava que os meus amigos iam ler. Mas depois percebi que não tinha lá muitos amigos. Portanto, até alguém falar do meu blogue acho que só os seus "funcionários" o liam. Tenho portanto que dar um agradecimento especial a quem primeiro falou em mim e me linkou. Muito obrigado então ao Contra-a-Corrente. Agradeço também ao Insurgente, ao Blasfémias e ao Jaquinzinhos (infelizmente extinto) que o fizeram logo a seguir. Agradeço também aos maiores amigos da Biblioteca: A Fonte e A Arte da Fuga. E também a quem me lê, comenta, insulta, disparata, tenta ofender... tudo é importante e sem vocês não valia a pena.

Um Ano de Biblioteca de Babel

Foi há um ano que me resolvi começar a aliviar no blogger... E sinto-me, efectivamente, de parabéns, porque o blogue permitiu aquilo que há muito buscava: o alívio da expressão de uma ideia a determinado momento. Não encontro melhor utilidade para a escrita do que esta: é um alívio da memória. É a melhor coisa de tirar uma série de ideias da cabeça, é começar a endireitá-las e depois escrevê-las. É que, a partir desse momento sentimo-nos mais aliviados e podemos começar a pensar em mais qualquer coisa.

Um blogue não pode contudo ser uma obrigação. Há muitos blogues a fechar porque creio que se tornaram fardos para os seus escritores. Eu não o farei, simplesmente porque não espero muito do meu blogue, ele tem, como afirmei, sobretudo essa vertente de alívio pessoal. O grande objectivo da permanência deste é a ligação e o diálogo com o resto da blogosfera, onde tenho conhecido discussões interessantes e feito vários amigos. Aliás as pessoas que se conhecem pela blogosfera são as mais especiais, porque começamos por partilhar com elas aquilo que temos de mais importante: as nossas ideias.

É preciso ver que chamei a este blogue Biblioteca de Babel, não apenas por esse ser o meu texto favorito do melhor escritor que o mundo conheceu, mas também porque a internet, e a blogosfera, são para mim uma grande fonte de informação, e a minha pequena contribuição serve apenas para me poder servir melhor dessa fonte.

Porque nunca me esqueço, nem por um minuto, que ler é muito mais importante que escrever.

quinta-feira, agosto 25

E a Google continua...

Mais um serviço da Google...






Um serviço já disponibilizado por outras empresas mas com uma grande vantagem: é Google... O Google Talk não tem publicidade, nem os meios de distracção do Messenger MSN, por exemplo. Mais uma vez a Google aposta na simplicidade.

Incêndio de Coimbra terá começado num tractor em Poiares

Notícia do Público (sem link disponível):

O grande fogo que assola há cinco dias o distrito de Coimbra deverá ter começado com o incêndio de um tractor, numa zona florestal do concelho de Vila Nova de Poiares, às 13h de sábado.

Se o ridículo matasse, havia aí muita gente que não dava opiniões sobre incêndios.

quarta-feira, agosto 24

Coimbra - 21 de Agosto 2005

Cidade de Coimbra - 21 de Agosto 2005...

Vista de Santa Clara (Celeste Moura).


Vista do Tovim (um amigo de amigos).

Para quem quiser saber mais sobre este incêndio...(clique aqui)

Apesar da Crise (2)

Notícia RTP: Apesar da Crise o ano passado bateu todos os records em termos de levantamento de dinheiro nos Multibancos.

O Hitler simpático de Der Untergang

Afinal parece que não fui a única a ver o filme Der Untergang só agora. Passando por Bomba Inteligente vi a minha curiosidade espelhada: ainda gostava de saber porque viram Hitler como uma figura humana, com sentimentos e simpatias pelos outros.
Mas a resposta é simples: a teoria da relativização, neste caso cada olhar relativiza o que vê de acordo com a sua experiência de vida, as suas convicções, etc...
Mesmo assim, onde é que foram encontrar simpatia naquela figura?
Talvez o problema dos espectadores (os alemães, claro!) tenha sido lembrar que foram "eles" que elegeram e que acabaram bem enganados (o homem nem queria saber dos seus cidadãos). Ou poderá ainda ter sido por este filme mostrar a coerência que Hitler manteve em relação aos princípios que defendia. A coerência tem-se destacado como um valor muito positivo nos nossos dias...

terça-feira, agosto 23

PCP - pedido de ajuda

Alguém pode disponibilizar online o clip do Jerónimo de Sousa a dançar naquela célebre campanha presidencial? Poucas coisas me fazem sorrir mais... Please!

Natali é quando o Ricardo quiser

notas avulsas sobre o fogo de ontem e outros

Ontem fui ver os fogos que lavravam em volta da minha aldeia, que ameaçavam povoações vizinhas. Subi a um monte e vi cinco (!) focos de incêndio, todos bastante violentos e dois deles ameaçando directamente casas. Quando me virei para a minha aldeia vi uma frente de fogo que a ameaçava pelo norte. Depois vi que o fogo já tinha chegado ao centro da aldeia, perto de minha casa. Corri para casa. Esta mudança era comlpetamente inesperada 20 minutos antes, fui completamente surpreendido. Eu não sabia verdadeiramente o que era um fogo antes de ontem. Tudo o que podia arder dentro da aldeia ardeu, mesmo o que não podia arder: uma casa e uma antiga serralharia (em frente da minha casa). Depois de ter visto o inferno continuo a pensar da mesma maneira.

1- as pessoas têm que ser responsáveis pelos seus pertences e propriedades; a minha casa está protegida, em volta dela há cimento, por isso não é fácil ser afectada por um incêndio que tenha uma origem externa: a única coisa que poderia ameaçar a minha casa era a casa de um vizinho arder e isso esteve quase a acontecer.

2- a casa do meu vizinho estava mal protegida; além de ser antiga, continha uma antiga serralharia, cheia de materiais inflamáveis; o perímetro da casa estava também cheia de matéria orgânica bastante inflamável; explicações há muitas: é habitada apenas por um idoso, que vive sozinho - mas isso constituiu um perigo relativo para a minha própria casa.

3- a teoria do fogo posto começa a ser cada vez mais ridícula: bastou um incêndio ter começado há 3 ou quatro dias no concelho de Coimbra, desde aí que se acendem uns atrás dos outros, que lançam fagulhas no ar que começam novos incêndios.

4- o problema é que os incêndios não se conseguem apagar, porque a floresta no concelho de Coimbra é contínua, quando começa numa ponta só para na outra, e nessas pontas é onde há casa, e é aí que se apagam os fogos.

5- pode haver mão criminosa, mas bastou atear um incêndio num sítio qualquer há cinco dias atrás, o resto dos incêndios foram originados por esse primeiro (que não sabemos se de facto teve mão criminosa).

6- havia duas maneiras de evitar isto: ou vigiar toda a floresta a toda a hora ou apagar imeditamente esse fogo original.

7- a primeira hipótese é impossível: a prevenção pode ser melhorada mas nunca será a ideal e nunca poderá evitar catástrofes em Portugal

8- a outra hipótese (apagar logo um fogo quando surge, antes que este provoque outros) não é fácil: não há meios suficientes de intervenção rápida (sobretudo meios aéreos), além disso a nossa floresta é inacessível porque é demasiado extensa e é contínua, prolonga-se ocupando todo o espaço tendo as povoações nos seus extremos (quando não no meio), sem acessos e corta-fogos.

9- por tudo isto só posso concluir que o problema é floresta a mais

10- a floresta provoca prejuízos incalculáveis, quem não percebe isto não percebe nada - não são os 35 euros que se ganham numa tonelada de pinheiro que pagam nada disto

11- esta floresta não é natural

12- os incêndios não são evitáveis, por uma ou por outra causa, eles acontecerão sempre, cou ou sem árvores, com mais ou menos mato, a questão está em evitar tragédias maiores.

13- não podendo evitar ignições podíamos e devíamos controlar o combustível

14- enquanto ninguém for responsável pelo que é seu acontecerão sempre acidentes, porque a culpa não é nossa.

15- sendo assim, a classe política de que todos se queixam é a ideal: é boa para quem despreza a responsabilidade individual, culpando sempre outrém pela nossa própria responsabilidade.

16- um fogo florestal não se combate: é impossível, é só esperar por ele nas casas - não será lógico então controlar as florestas?

segunda-feira, agosto 22

foto tirada hoje da janela do meu quarto


Hoje o meu dia foi passado a fazer de bombeiro, a correr de um lado para o outro. Quando mais não podia fazer que assistir ao trabalho dos outros subi ao MEU QUARTO onde peguei na máquina e tirei umas fotos.
O que se vê é um antiga serralharia a arder, a casa anexa foi salva pelos bombeiros. O fogo ainda por aqui anda, mas já não está tão perto.

ontem a noite foi passada assim

fogo em Coimbra

Estava eu a ver o sumário dos incêndios na TV quando reparei que além do som e da imagem das chamas me estava a chegar a casa o cheiro ao queimado. Não há nada de surpreendente aqui. O fogo anda por todo o lado. Agora não vejo nada porque o fumo envolve completamente a aldeia onde vivo. Mas consigo ouvir os aviões a passar. As cinzas continuam a cair por todo o lado. A casa, o chão, os carros, a cadela, nós, está tudo cheio de cinzas. As pessoas mobilizam-se mas não se organizam e pouco ou nada fazem. Os bombeiros não chegam e a toda a volta a floresta assassina espera a sua vez para arder.

post scriptum: a luz acabou de faltar novamente, pela enésima vez, e com a bateria do portátil que acabo de escrever este post.

No comments!

20 de Agosto de 2005
Castelo Branco - Ponte de Lima
Duração: 6 horas
Vários incêndios; Desvio de Coimbra a Pombal para apanhar A1; vários incêndios; 1 queimada junto ao IC8

21 de Agosto
Ponte de Lima – Castelo Branco (18h – 23h30)
Contabilizados 19 incêndios, um deles em fase de rescaldo, 2 prestes a obrigar ao encerramento da Auto-Estrada; 2 queimadas, junto à A1…

Visualizada ainda uma vasta área verde… menos que ontem, mais que amanhã...

domingo, agosto 21

lições de moral

Recebi em casa um postal a dizer para eu gastar menos água no banho. A interferência na minha pessoal é grave. Mas mais grave é porque o postal é de origem governamental. Isto quer dizer que agora o governo gasta o dinheiro dos impostos para me dar conselhos sobre a minha vida privada. Eu quero aproveitar para lhes responder daqui. Eu não admito a ninguém que interfira na minha vida pessoal. Se eu quiser gastar mais água a tomar banho estou no meu pleno direito. Se eu quiser lavar os dentes com a torneira aberta, ninguém, NINGUÉM tem nada a var com isso. Eu pago a água que consumo. Eu é que tenho uns conselhos a dar a quem pensa que me dá lições de moral: se querem que as pessoas gastem menos água, parem de subsidiar o seu consumo.

post scriptum: se eu poupasse água no duche durante um ANO inteiro será que chegava para um bombeiro gastar durante cinco SEGUNDOS de jacto contínuo para apagar um pinheiro que os senhores também subsidiaram?

a última vez que li um jornal desportivo

No intervalo do jogo Chelsea-Arsenal, fui consultar a bola online e, sem saber que o jogo estava a ser transmitido em diferido, soube o resultado. É a última vez que leio um jornal desportivo.

sábado, agosto 20

Apesar da Crise (actualização)

Hoje o Jornal Nacional da SIC confirma o que disse aqui.

Apesar da crise os hotéis no Algarve estão cheios. A taxa média de ocupação é de 90%. A desculpa agora, para os hoteleiros, é que os turistas gastam menos dinheiro. Sempre que apanham uma câmara debitam as suas mentiras. Vivem das queixinhas que fazem. Quanto aos turistas lá estão, a crise para eles é uma coisa de que ouvem falar na televisão. Eles podem ter dinheiro, mas nem por isso são estúpidos para cair nas vigarices desses empresários de meia tigela.

Bush lê a Biblioteca de Babel.

"És um anormal" levantou a polémica:

So um imbecil como voce [Salvador] pode defender o Bush. Adorava ve-lo vitima do proximo atentado, ve-lo na miseria por nao conseguir pagar o petroleo, ve-lo a reagir quando as tropas americanas entrarem pelo seu pais, matarem os seus familiares e amigos so para poderem ficar com os poços de petroleo. Anormal!!!

E Mário de Almeida descodificou bem a mensagem:

Em Coimbra há poços de petróleo ????Tens algum Salvador ? Ou devo dizer Xeique Al-Salvador ?

E os Americanos não perdoaram. Sempre ciosos de mais e mais petróleo atacaram a Biblioteca de Babel. A TVI estava lá e conseguiu imagens em directo do ataque do Sr. Bush... Veja as imagens deste ataque...

P.S.: A última vez que vi o Salvador foi na Biblioteca de Babel. Não posso confirmar se ele estava presente na altura do ataque. Pede-se a quem o encontrar que comunique a sua localização.

sexta-feira, agosto 19

Igualdade de oportunidades...

CÂMARA MUNICIPAL DE ...

Concurso externo de ingresso para ...

Em cumprimento da alínea h) do artigo 9.º da Constituição, a Administração Pública, enaquanto entidade empregadora, promove activamente uma política de igualdade de oportunidade entre homens e mulheres, no acesso ao emprego e na progressão profissional, providenciando, escrupulosamente, no sentido de evitar toda e qualquer forma de discriminação.

...

11 - Em cumprimento do disposto no n.º3 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º29/2001, de 3 de Fevereiro, os candidatos com grau de incapacidade ou defeciência igual ou superior a 60 % têm preferência, em igualdade de classificação, a qual prevalece sobre qualquer outra preferência legal.

quinta-feira, agosto 18

A Fonte - voltou e recomenda-se

terça-feira, agosto 16

o pretenso pacifismo

Ariel Sharon há três/quatro anos era mais insultado do que Bush. Era o exterminador, o inimigo da paz, o racista, etc. A intelectualidade portuguesa desconfiava dele. Os jornalistas não tinham dúvidas em acusá-lo de tudo. a parcialidade com que encaravam a questão do médio oriente era, e é, repugnante. Hoje sharon provou que só ele tem a coragem de impor a paz. ariel Sharon fez mais pela paz do que Arafat alguma vez sonhou pretender fazer.

A paz não se pede. Impõe-se, conquista-se. É um direito pelo qual é preciso lutar para o conquistar. É um direito pelo qual é preciso lutar para o conservar. Por isso a história reconhecerá Churchill. Ao contrário de Chamberlain, anterior primeiro-ministro britânico e Daladier, pela França, Churchill nunca quis negociar a paz. Isso não era negociável. Negociar a paz, para os pacifistas da altura era conceder a Hitler a Checoslováquia, a Áustria e por aí adiante, para que os seus países vivessem em paz. Não foi assim.

Por isso Ronald Reagan fez mais pela paz do que Carter, por exemplo. E, por isso, eu continuo com a convicção de que Bush, apesar de alguns erros cometidos, vai fazer mais pela paz e pela liberdade do que os burocratas e pacifistas da velha ordem. Porque a paz não se consegue não fazendo nada.

segunda-feira, agosto 15

Miguel Portas e a bomba atómica

por Vasco Pulido Valente, a ler no Público. (14.08.05)

Sobre a bomba de Hiroshima (e a de Nagasaki) tentei explicar a Miguel Portas três coisas: não percebeu nenhuma. Antes de mais nada, tentei explicar que o uso do terrorismo, nomeadamente por bombardeamento aéreo, era sem excepção aceite pelos beligerantes. Lembrei que a Inglaterra tinha sido a primeira a adoptar o método como meio infalível de ganhar a guerra e que o usou, sem espécie de escrúpulos, até à rendição alemã. Lembrei que antes de a Inglaterra entrar em guerra, já Hitler o usara na própria Inglaterra, na Holanda, na Bélgica, na França e, sobretudo, na Rússia. Devia ter acrescentado: na Polónia e na Jugoslávia. Talvez seja agora preciso fazer dois comentários a benefício de Miguel Portas: que, por um lado, do ponto de vista das vítimas, não interessa saber se morreram por causa de uma bomba convencional, incendiária ou atómica; e que, por outro, as forças de terra e as forças navais também conduziram uma campanha terrorista com efeitos devastadores, especialmente a Alemanha na Rússia, na Polónia, na Jugoslávia e no Atlântico. Comparados com os milhões de mortos do terrorismo convencional, os 140.000 mortos de Hiroshima e Nagasaki não sobressaem, a não ser pela novidade técnica da arma, para eles com certeza indiferente.
A segunda coisa que tentei explicar a Miguel Portas foi a necessidade das bombas de Hiroshima e de Nagasaki. Verdade que alguns chefes militares se opuseram a essa estratégia: MacArthur, o comandante do teatro do Pacífico, e Curtis LeMay, o comandante da Força Aérea. Mas não pelas razões que Miguel Portas supõe. MacArthur achava que só invadindo, a América ganharia um poder absoluto sobre o inimigo; e Curtis LeMay queria "bombardear o Japão até à Idade da Pedra". Truman e o chefe do Estado-Maior Leahy, com o exemplo de Okinawa em mente, e calculando 30 por cento de baixas na frente americana (para não falar da japonesa e da população civil) preferiram a bomba. Salvaram milhões de vidas, digam o que disserem as memórias de Eisenhower (notoriamente pouco fidedignas) e o revisionismo histórico contemporâneo (notoriamente frágil).
A terceira coisa que tentei explicar a Miguel Portas foi que Hiroshima e Nagasaki não "lançaram o mundo na era do armamento nuclear". O medo de que Hitler conseguisse produzir a bomba atómica (embora, como se veio a provar, injustificado) é que, evidentemente, lançou o mundo na "era do armamento nuclear". Posto isto, convém prevenir que não tenciono voltar a falar com Miguel Portas. Não lhe reconheço nem inteligência, nem competência, nem honestidade.

Euromilhões

Sabia que...

Segundo as estimativas do doutor Rogério Fernandes Ferreira no Independente, os portugueses torram 2 mil milhões de euros por ano no Euromilhões - o equivalente a 1,5% do PIB.

No Impertinências.

Comentário: Porque o fazem?
- porque são burros: não conhecem melhores formas de investimento
- porque são preguiçosos: a ideia de ganhar sem esforço continua a ser a mais apelativa
- porque aquela história de criar empregos não lhes interessa verdadeiramente: o investimento leva à criação de emprego, o consumo apenas faz o dinheiro mudar de mãos
- porque o dinheiro é deles: e podem gastá-lo no que lhes apetecer, cada um deve ser livre de estragar o seu dinheiro da maneira que entende
- porque têm dinheiro: esta é apenas uma forma de consumo como outra qualquer

Isto para desmentir a coisa mais estúpida que ouvi a este propósito, creio que a ouvi na TVI, que é: A CRISE É TANTA QUE OS PORTUGUESES CADA VEZ APOSTAM MAIS NO EUROMILHÕES - isto é a análise económica com a chancela da TVI.

A cultura do antifascismo

A quem não assina o Público disponibilizo o artigo desta semana da Helena Matos.

A polémica surgida no PÚBLICO a propósito de uma investigação de Adelino Gomes sobre a destruição de livros de autores considerados reaccionários é sintomática de um dos mais profundos paradoxos do nosso regime. Refiro-me à equivalência entre antisfascimo e democracia.
Ao contrário do que é habitual dizer-se, o facto de se ter combatido Salazar e Marcelo Caetano não transforma ninguém num democrata. Contudo, em Portugal, não só se fez esta equivalência como ainda se identificou anti-salazarismo com antifascismo. O resultado foi, no mínimo, peculiar. Assim, não só os partidos totalitários que combateram Salazar passaram a ser considerados democráticos como, graças a tal identificação, se acabou até a apresentar como antifascistas aqueles que, nos anos 30 do século XX, orgulhosamente se reivindicavam fascistas e que, por isso mesmo, se recusaram, em 1934, a integrar na União Nacional o Movimento Nacional-Sindicalista.
Pode ter-se sido perseguido, maltratado, torturado pelo Estado Novo... e contudo defender-se um regime tão ou mais ditatorial do que o vigente nesse mesmo Estado Novo. Aliás aquilo que vulgarmente designamos por PREC é o desfazer das cumplicidades antifascistas. Se se quiser recorrer a imagens, digamos que entre PS e PCP - os dois partidos que mais integram o património do antifascismo - a ruptura acontece quando a evidência da ocupação do República se torna para o PS um perigo mais efectivo que a memória dos interrogatórios na António Maria Cardoso.
Outra das perversões da identificação entre antisalazarismo, antifascismo e democracia é a que leva a que se considere fascista ou cúmplice com o fascismo quem põe em causa as atitudes e as decisões tomadas por aqueles que se reivindicam antifascistas. Esta espécie de superioridade moral do antifascista está eloquentemente expressa na imprensa da época que tanto o Diário de Notícias como o PÚBLICO têm transcrito todo este ano.
Veja-se por exemplo a edição do PÚBLICO de 16 de Maio. Aí era transcrito o testemunho que, em Maio de 1975, o jornalista Carlos Coutinho fizera chegar ao Tribunal do Barreiro, onde estava a ser julgado um militante da organização armada do PCP, a ARA. Carlos Coutinho depôs a favor de Fernando dos Santos Gonçalves acusado de, em 1965, ter desviado 13 mil contos (65 mil euros) da delegação bancária onde desempenhara as funções de subgerente: "Essse dinheiro saiu de mãos onde não devia estar e foi para mãos onde devia estar. (...) Choca-me ver sentado no banco dos réus um revolucionário; um revolucionário, depois do 25 de Abril, deve julgar e não ser julgado", concluía Carlos Coutinho.
Citações de Lenine, Brecht e Cunhal fundamentaram a tese da defesa de que "um revolucionário, depois do 25 de Abril, deve julgar e não ser julgado". O juiz deu como provados os factos, mas considerou-os amnistiados. Em seguida, pediu desculpa ao réu que estivera um mês na prisão a aguardar julgamento. "Em nome do tribunal, quero dizer-lhe que lamento profundamente este mês de prisão que passou." E por fim abraçou-o. Em perfeita sintonia com as teses da superioridade moral do antifascismo, O Século de 16 de Maio de 1975 compôs o seguinte título: "Militante fascista finalmente amnistiado" e desenvolveu uma prosa exaltante, quase épica: "Julgador e julgado abraçaram-se, logo esse abraço se multiplicando pela assistência, que não prescindiu de saudar o seu companheiro, militante antifascista, ontem restituído à liberdade, e que o aguarda, novamente, nos bancos agora do povo, onde poderá utilizar o curso de economia política que tirou no exílio (...) para a construção de um Portugal democrático e socialista."
No seu tom apologético, este tipo de imprensa nada tem de livre ou democrática. Não se investiga nada. Parte-se do princípio de que o réu - que nem sequer é designado como tal, mas sim como "militante antifascista" - será sempre libertado. Não se pergunta, por exemplo, como se tratou da instrução do processo de modo a que, num mês, o incómodo roubo praticado pela ARA ficasse transformado num gesto precursor do 25 de Abril. Por fim, faz-se apologia da banca nacionalizada como "banca do povo".
As muito citadas tentativas de controlo da imprensa por parte do PCP durante o PREC estão longe de ser suficientes para explicar esta notícia, tal como não explicam os factos nela referidos nem muitos outros milhares de notícias e factos onde a convicção na superioridade moral do antifascismo permitiu que se cometessem os mais variados abusos. De facto, essa convicção existia (e existe) nos sectores mais alargados da sociedade portuguesa.
Foi a generalização dessa convicção que, por exemplo, logo em Agosto de 1974, permitiu que ninguém se interrogasse sobre factos aparentemente comezinhos como o boicote exercido por um conjunto de actores à representação da peça O Último Fado em Lisboa. Os actores, que se apresentaram como antifascistas, ocuparam a sala e o palco, impedindo que os seus colegas representassem e o público visse aquela peça, que eles consideravam uma afronta ao Portugal revolucionário que defendiam. Foi a generalização dessa convicção que ainda hoje leva a que, apesar de fascismo e comunismo serem unanimemente considerados totalitarismos, a expressão anticomunista não tenha o mesmo valor que antifascista. Aliás, a palavra anticomunista imediatamente passou a ser acompanhada pelo adjectivo primário. Ou seja, em abstracto concede-se que se possa ser anticomunista, mas na prática aqueles que assim são apelidados logo ficam enredados num atávico primarismo. Já antifascista é uma expressão usada como uma espécie de glorioso bilhete de identidade.
Infelizmente, a chamada cultura do antifascismo está longe de se esgotar em polémicas serôdias como a que tem tido lugar no PÚBLICO ou em recriações disparatadas sobre o Estado Novo, em que se diz às crianças que, até 1974, as meninas não podiam usar calças nem biquinis e que não se podia aprender a ler.
Ao restringirmos a democracia ao antifascismo, privamos a democracia daquilo que lhe é essencial: o erro. Nas democracias sabe-se que existirão sempre casos de corrupção, abusos de poder ou tráfico de influências e sabe-se também que só a investigação e a denúncia sem censura desses actos os podem travar. Pelo contrário, totalitarismos e autoritarismos negam que no seu seio este tipo de factos possa ocorrer. O escândalo que agora suscitou a divulgação da destruição dos livros das bibliotecas escolares em 1975, tal como a reacção de vários políticos a propósito das investigações do caso Casa Pia - "É o fascismo de novo!" -, assim como a identificação entre autoridade e autoritarismo são bem sintomáticos de como continuamos a preferir o maniqueísmo das culturas "anti" ao exercício da democracia. É mais tentador, de facto, acreditar em magos das finanças ou em grandes comandantes, homens impolutos e morais superiores. Mas convém não esquecer que é precisamente deste caldo de cultura que nasce a impunidade dos crimes.

Helena Matos, jornalista.

domingo, agosto 14

todos iguais

Os políticos são todos iguais. Até o Bono Vox.

sábado, agosto 13

brincadeira do dia

Se formos a ver a História, os jogos com bolas, ou coisas do género, remontam à Antiguidade, aos relatos dos primeiros escritos, e ou eram com a mão ou com os pés. Mas para um desporto se institucionalizar tem que estabelecer, primeiro, as suas regras, já que outro critério será sempre relativo, já que podemos sempre dizer que os Gregos jogavam andebol e os Florentinos jogavam futebol... assim não vamos lá. Estamos a falar de um desporto no conceito moderno e específico e não em sensu lato. Há pois uma verdade que não é relativa e é a seguinte: O Futebol é mais antigo que o Andebol.

Assim, no site da FIFA diz o seguinte:

...the football rules had been established for the first time in 1863... in Fifa.com, mas foi em
2 June 1886: first official meeting of the International Football Association Board.

No site da IHF:

"Modern handball was first played towards the end of the 19th century. For instance, one such game was played in the Danish town of Nyborg in 1897(...)

In 1917 Max Heiser drew up the first set of rules for it."

Se quisermos outro critério então é dizer qual, mas eu não fujo do conceito inicial que descrevi de desporto. Se foi para imitar ou não, estou-me nas tintas, acho este assunto completamente desinteressante e pouco merecedor do meu tempo. O que eu tinha a dizer resumi no post anterior a este, agora que digam que não olho a factos... Bem, aí eu só digo isto: acusar os outros de não perceberem nada de um assunto e depois estarem errados é uma coisa, mas confundir uma piada com uma discussão séria é pior ainda. Acima de tudo uma coisa: chill out.

facto do dia

não gosto de andebol.

pessoal a ver o fogo

Este pessoal estava a ver o fogo à frente da minha casa. Eu também espreitei dali, confesso, mas estava perto de casa. Estes nem são da rua, mas aproveitaram a bela panorâmica do sítio onde vivo. Mais valia terem ido ver o meu post.

Já agora, aproveito para esclarecer que o fogo apesar de ser perto de minha casa (concelho de Coimbra), decorreu na localidade de Vale de Açor, que já faz parte do concelho de Miranda do Corvo. De qualquer maneira fui muito mais rápido do que a SIC, onde apareceu uma peça sobre o dito incêndio. Reafirmo o mérito dos bombeiros e dos meios aéreos, que trabalharam até muito, muito tarde.

Mais bons investimentos...

O governo continua empenhado em cumprir a promessa eleitoral do choque tecnológico...

Quem ainda não tem um e-mail? Fiquem atentos!

Vejam este post, Choque tecnológico à portuguesa, em Ferdi e escandalizem-se. Há maneiras tão fáceis de nos roubar dinheiro!

(Via Blasfémias)

Clix

Internet de Banda Larga a partir dos 22 euros em Zonas Clix (já são muitas);
Happy Hour - da 1 às 8 da manhã o tráfego não é contabilizado (promoção que passou a característica nas Zonas Clix);
Serviço Wireless gratuito em Hotspots da Sonaecom até 30 de Setembro, etc...

Quem é que ainda não sabia?

silly season 2

Não percam as melhores citações dos Simpsons, aqui na barra da direita. Lembrei-me disto quando vi o comentário do António Vitorino à nomeação do Armando Vara para a CGD.


"Facts are meaningless. You could use facts to prove anything that's even remotely true!" Homer Simpson

Os meus chinelos marroquinos.

sexta-feira, agosto 12

da janela do meu vizinho

Almalaguês, concelho de Coimbra. Como se pode ver ainda há muito para arder. Isto foi há uma hora atrás. Agora já devorou muito mais subindo os montes em redor e separando-se em três frentes. O fumo já envolve Miranda do Corvo (concelho vizinho), e em breve envolverá a Lousã. Dois helicópteros e dois aviões ligeiros chegaram logo 20 minutos depois do fogo deflagrar, mas mesmo assim este avança, imparável. A floresta é contínua, sem caminhos nem corta-fogos. É uma monocultura composta de resinosas (pinheiro-bravo). As corporações de bombeiros e os meios aéreos acabaram de salvar uma casa que foi completamente rodeada pelas chamas. Mas quem é que permitiu que se contruísse uma casa no meio de uma floresta destas, perguntam vocês? Os parvos que lá vivem!

Gostar de... ou gostar de falar de?

Eu por exemplo gosto de desporto. Sempre que posso vejo futebol, ténis, ciclismo, basquetebol, natação, atletismo e outros. Há quem goste mais de falar de desporto do que de desporto. no futebol isso é muito mais evidente. No Domingo estava eu num café qualquer em Castelo Branco a ver o Chelsea-Arsenal quando entra um grupo de pessoas que se senta numa mesa. Começo a ouvir falar de futebol, liga inglesa, chelseas, josés mourinhos, makaleles, etc, até que me viro para fitar tal criatura, quando reparo que essa pessoa está de costas para a televisão. Também, era só um Arsenal-Chelsea, o derby mais interessante do mundo neste momento, mais nada. Era só a história do futebol que se estava a escrever...

Nota 1 - é como a política, toda a gente tem opinião, mas alguém lê sobre isso? toda a gente sabe como se governaria um país, mas sabe alguma coisa de economia?

Nota 2 - não considero o Andebol e o Hóquei em Patins desportos... são apenas imitações do futebol... o único desporto com balizas que existe é o futebol. Por essa ordem de razão considero ainda mais patéticos tais coisas como futsais e futebóis de praia, são meros passatempos, nunca desporto. O desporto exige regra, critério e algum decoro.

quinta-feira, agosto 11

silly season

Uma jornalista da SIC faz uma entrevista de rua, sobretudo a idosos, perguntando se quando estes eram novos já se sentiam vagas de calor como a que vivemos neste verão. A maior parte respondeu que sim, já quando eram novos havia vagas de calor semelhantes ou piores! E que por vezes começavam logo em Maio! A jornalista concluiu a peça dizendo: "está provado", o "aquecimento global" é o responsável pelas vagas de calor que vivemos hoje em dia.

mais uma para eu me lembrar...

"Chorar pelos incendios dos verões portugueses é como lamentar uma derrota do Sporting enquanto se defende o Peseiro como treinador."

terça-feira, agosto 9

Coimbra Vs Figueira

Quem é de Coimbra, ou mora por lá, e costumava passar férias na Figueira já tinha ouvido falar nas cenas de porrada. Um post para ler todinho:

"A interacção Figueira-Coimbra é uma questão que não vem de agora, e constitui um microcosmos de porrada e pancadaria tão ricos que poderiam perfeitamente ter inspirado versões nacionais de um Outsiders ou de um Rumble Fish..."

exactamente:

"a única cobertura decente dos fogos "florestais" deste ano está a ser feita pelo João Miranda, no Blasfémias. Os links que ele põe são para ser clicados, depois lidos, e não vos fazia mal nenhum imprimirem aquilo e guardarem numa gaveta á mão de lavrar. Para quem tiver dúvidas, aconselho uma viagem pelo barrocal algarvio este ano. Nos milhares de hectares ardidos no ano passado, ali para a zona do Cachopo, por exemplo, é lindo ver que é preciso contar 200 árvores para descobrir uma que não esteja a rebentar de ramagens e folhas novas após ter sido varrida pelos fogos do ano passado. Em contrapartida, em Espinhaço de Cão e Monchique, por exemplo, é também bonito (eu diria muito mais bonito) de ver ainda coberto de cinzas negras de morte todo o eucaliptal e pinhal ardido pela mesma altura. Para além dos dramas pessoais (todos eles originados na pura irresponsabilidade dos donos das propriedades afectadas; a mesma severidade nestas pessoas que a aplicada aos automobilistas por pisarem traços continuos e andarem sem cinto e aquelas pessoas alem de terem a casa ardida iam passar um aninho na prisão), desde que ardeu a Mata da Margaraça (Serra do Açor, um dia palestro sobre o assunto) aqui há uma dezena de anos, que nenhum fogo me preocupou do ponto de vista do patrimonio natural. Tudo o que leem e ouvem sobre os incendios na comunicação social é puro bloco-esquerdismo, ou seja, a mais rasteira demagogia sentimentaloide que os pavões lisboetas usualmente libertam sobre a feira psicológica particular por que tomam país onde vivem."

in A causa Foi Modificada

Em breve colocarei os links dos posts do João Miranda sobre os incêndios florestais.

segunda-feira, agosto 8

apesar da crise as pessoas continuam cada vez mais estúpidas

Os telejornais, desde há um ano para cá têm uma rubrica nova. Chama-se "Apesar da Crise". E nessa rubrica aparecem coisas do género: "apesar da crise, venda de automóveis aumentou"; "apesar da crise, venda de automóveis aumentou"; "apesar da crise, um terço das pessoas que passam férias fora de casa vão para fora do país"; "apesar da crise, os hipermercados e os centros comerciais estão cheios"; "apesar da crise, há mais telemóveis que pessoas em Portugal"; "apesar da crise bateram-se todos os records na compra de prendas de Natal"; "apesar da crise há cerca de um milhão de casas de férias no Algarve"; "apesar da crise, mais de dois milhões de portugueses passam férias no Algarve"; "apesar da crise as operadoras de telemóvel continuam a bater records de receitas". E eu apenas reparo em artigos de luxo, não vale a pena dizer que nas notícias não aparecem coisas do género "apesar da crise os bens de primeira necessidade não foram afectados, tanto na sua procura como no preço da oferta.

Pois é. Um dia ainda vão descobrir que não houve crise no país. Houve, e há, e sempre haverá, crise nos sectores de actividade mal preparados. Os bens preparados cresceram. e não houve crise para metade da população portuguesa: aqueles que dependem do Estado: esses sempre tiveram o seu salário garantido e nunca sentiram o emprego em perigo. Em suma: houve crise, mas só para alguns; e o conceito de país em crise é muito ambíguo, o problema português não é económico. O problema é a estupidez.

domingo, agosto 7

Oceanário de Lisboa

Epinephelus lanceolatus
Garoupa gigante