segunda-feira, agosto 8

apesar da crise as pessoas continuam cada vez mais estúpidas

Os telejornais, desde há um ano para cá têm uma rubrica nova. Chama-se "Apesar da Crise". E nessa rubrica aparecem coisas do género: "apesar da crise, venda de automóveis aumentou"; "apesar da crise, venda de automóveis aumentou"; "apesar da crise, um terço das pessoas que passam férias fora de casa vão para fora do país"; "apesar da crise, os hipermercados e os centros comerciais estão cheios"; "apesar da crise, há mais telemóveis que pessoas em Portugal"; "apesar da crise bateram-se todos os records na compra de prendas de Natal"; "apesar da crise há cerca de um milhão de casas de férias no Algarve"; "apesar da crise, mais de dois milhões de portugueses passam férias no Algarve"; "apesar da crise as operadoras de telemóvel continuam a bater records de receitas". E eu apenas reparo em artigos de luxo, não vale a pena dizer que nas notícias não aparecem coisas do género "apesar da crise os bens de primeira necessidade não foram afectados, tanto na sua procura como no preço da oferta.

Pois é. Um dia ainda vão descobrir que não houve crise no país. Houve, e há, e sempre haverá, crise nos sectores de actividade mal preparados. Os bens preparados cresceram. e não houve crise para metade da população portuguesa: aqueles que dependem do Estado: esses sempre tiveram o seu salário garantido e nunca sentiram o emprego em perigo. Em suma: houve crise, mas só para alguns; e o conceito de país em crise é muito ambíguo, o problema português não é económico. O problema é a estupidez.