ignorância
Um povo estúpido acredita no que lhe disserem. Se pessoas, aparentemente inteligentes, afirmam uma coisa é porque deve ser verdade. Se os jornalistas não o contestam, concordando com o conteúdo que ali é debatido, questionando apenas um ou outro detalhe lateral, então é porque é mesmo verdade.
Se lhes disserem que comprar os textêis mais baratos é uma invasão eles acreditam. Apenas os industriais dos textêis sabem que isso não é verdade.
Se lhes disserem que comprar electricidade espanhola é desnecessário eles acreditam. Os donos da EDP agradecem.
Se lhes disserem que é preciso ter uma marca de gasolina portuguesa eles acreditam. O Fernando Gomes fica satisfeito.
Se lhes disserem que é preciso ter um banco sob controlo estatal eles acreditam. O Mira Amaral, o António Guterres, o Freitas do Amaral e tantos outros que por lá recebem agradecem.
Se lhes disserem que precisam de um novo aeroporto eles acreditam. Os empreiteiros ficam contentes.
Se lhes disserem que é preciso um grande aeroporto, daqueles mesmo muito grandes, eles acreditam. Os empreiteiros ficam radiantes.
Se lhes disserem que a culpa da crise é de todos e então que esta deve ser paga por todos eles acreditam. Os funcionários públicos que têm o seu emprego garantido, a sua reforma garantida, os cuidados médicos, a sua (ligeira) carga de trabalho garantida e os seus cuidados médicos (quase gratuitos ou mesmo completamente gratuitos garantidos) grantidos, agradecem do fundo do coração.
Se lhes disserem que a Expo e o Euro foram bons para a economia eles acreditam. Os empreiteiros, os boys e os políticos ficam muito agradecidos.
Se lhes disserem que investimento público é bom eles acreditam. A quantidade de empresários que ganha dinheiro à custa do Estado agradece-vos a todos, esses também gostam que vocês acreditem nisso.