sábado, outubro 29

Em Portugal não há informação

Há disto:

"Israel responde na mesma medida" - foi assim que no programa da RTP Bom Dia Portugal se classificou o pedido de Shimon Peres para que a ONU tome posição perante as declarações do Presidente do Irão. Ou seja, pedir que a ONU tome posição e declarar que um país deve ser erradicado é, segundo a RTP, responder "na mesma medida". Mais uma vez se constata que a falta de noção da medida é um dos traços marcantes do racismo e da intolerância.

Helena Matos, no Público de hoje

O Herói do Dia

Ver este artigo de José Pacheco Pereira Hoje no Abrupto. Ao contrário de outros Pacheco Pereira não é um apenas um membro do grande partido do Estado. Esse grande partido domina o Estado na sua quase totalidade. Uns são laranjas e outros são rosas, mas ideologicamente são exactamente iguais. Um bom exemplo: Marcelo Rebelo de Sousa. O professor Marcelo é muito mais anti-liberal do que António vitorino por exemplo. Calhou um ser laranja e outro cor-de-rosa. Nem todos são assim. Há excepções, é claro, e essas tento trazê-las ao blogue, uma delas é JPP. Mérito lhe seja dado, nem sempre concordamos com ele, mas sempre o escutamos com muita atenção. E cada vez mais a percepção da realidade, que estando ao alcance de todos, não é por todos tida em conta, une os nossos pontos de vista (liberais-JPP).

Os Juízes fazem greve à Quarta e Quinta-feira porque na Sexta não trabalham. Sábado e Domingo também não. Segunda é feriado. Verdadeira informação é ir ao Algarve contar quantos juízes lá estão neste momento (corrijam-me se estiver errado). As razões da greve não são informação, toda a gente sabe porque é. Também não é informação relevante ir para a porta dos tribunais ver quem é que ficou prejudicado pela greve. Afinal de contas foi apenas mais um dia em que não se fez nada nos tribunais, esperemos por Terça-feira. Esse é que era um dia giro para ver se algum processo se adiantou.

Entretanto os professores preparam uma greve para a próxima Sexta-feira. Que grande fim de semana para quem folga à Quinta. Quem não for o caso terá um fim de semana de APENAS três dias. Coitados.

Quando é que os 45% de Portugueses que não beneficiam directamente do Orçamento Geral do Estado é que se vão queixar?

PS: Entretanto vamos a ver se é desta que começo a escrever n' O Eleito.

PS2: Os dias da semana escrevem-se com minúscula. Foi um erro premeditado e sincero.

quarta-feira, outubro 26

Base de dados de ex-alunos

Divulgando a iniciativa...

“Esta página tem como principal objectivo criar uma extensa lista dos ex-alunos das escolas portuguesas. É também possível aos actuais alunos inserirem os seus dados. Para tal a sua ajuda é fundamental. Inclua os seus dados gratuitamente e sem necessidade de registo. Com esta base de dados será possível encontrar antigos colegas de escola e quem sabe reavivar antigas amizades. Obrigado pela colaboração.” Via You've Got Mail

Via A Fonte

quinta-feira, outubro 20

João César das Neves

João César das Neves: o homem que deixou um sindicalista sem resposta. Foi nos Prós e Contras, na última Segunda-feira. Eu sei que muitos liberais não gostam dele porque ele diz que acredita no estado social entre outras coisas. Mas eu gosto dele. Ele acredita tanto no estado social como nós, mas antes de travar essa luta é preciso travar outras. Pôr os Marxistas-leninistas e os Trotskystas a falar sozinhos é uma delas. Enquanto essa gente tiver uma aparência de credibilidade a falência da Civilização é uma possibilidade. O Herói do dia.

segunda-feira, outubro 17

enterrando um fantasma

Foi a primeira vez que vi o Benfica ganhar ao Porto, para o campeonato, no Porto. Há 14 anos o jogo não deu na TV. Antes disso nem me lembro de ver futebol. Para mim funciona como um fantasma que se enterra. Curioso é que isto apareça numa altura em que gosto mais de futebol do que gosto do Benfica. Que dantes era ao contrário. E é porque gosto mais de futebol do que do Benfica que nem sequer vi a primeira parte deste. É que já tinha visto o Chelsea ganhar por 5-1. E esse jogo encheu-me a barriga.

os meus colunistas de opinião (em actualização)

Os colunistas semanais obrigatórios deste humilde blogger:

Sábado:
Helena Matos, Público
João Candido Silva, Público

Domingo:
Eduardo Cintra Torres, Público

Segunda-feira:
João César das Neves, Diário de Notícias

Quarta-feira:
Rui Ramos, Diário Económico

Quinta-feira:
Pacheco Pereira, Público

Sexta-feira:
Miguel Sousa Tavares, Público (nem por isso obrigatório)
Luciano Amaral, Diário de Notícias


Diários ou Editoralistas

Vasco Pulido Valente, Público
Sérgio Figueiredo, Diário Económico
Martim Avillez Figueiredo, Diário Económico
José Manuel Fernandes, Público


(em actualização, aceitam-se correcções e sugestões)

sexta-feira, outubro 14

leituras em dia

"Though my heart may be left of center, I have always known that the only economic system that works is a market economy....This is the only natural economy, the only kind that makes sense, the only one that can lead to prosperity, because it is the only one that reflects the nature of life itself."

Václav Havel

segunda-feira, outubro 10

a verdade das autárquicas

Os resultados eleitorais apareceram e os comentários começaram a surgir: políticos mais ou menos interessados ou comprometidos começaram a tentar explicar porque é que os candidatos "bandidos", aqueles que desertaram dos partidos, ganharam. E não só porque ganharam mas porque ganharam com uma vantagem a roçar o insultuoso. Sobre isto apenas umas notas:

1- Esses comentadores (políticos todos eles) esperavam e pediam ao povo que salvassem a democracia pelo voto: isto é, os "candidatos" eram "maus" e o sistema nada podia fazer para controlar os candidatos, seriam os eleitores que salvariam o sistema. Isso não aconteceu e agora todos se lamentam pelos candidatos bandidos que ganharam com o voto dos eleitores.

2- Agora os comentadores dividem-se entre aqueles que acham que pelo facto de terem elegido os candidatos bandidos agora temos os eleitores bandidos e os que tentam branquear a verdade factual pelo sufrágio popular: como se por se ter a maioria dos votos um candidato se tornasse automaticamente inocente.

3- O que os comentadores deviam saber que a democracia não é um sistema que se possa auto-expurgar dos seus males , depende dos tribunais para isso. Isto é: não é por ser democrático que se é moral, é preciso uma entidade que faça cumprir a lei, que investigue os crimes e que aplique as penas.

4- Em Portugal isso raramente acontece: as polícias não investigam devidamente, os tribunais não conseguem provar os (poucos) crimes que são descobertos, a lei eleitoral é omissa e permissiva com os candidatos na alçada da justiça (ao contrário dos outros países), as penas e as leis para os crimes em geral são demasiado leves no nosso país. É aqui que está o verdadeiro problema.

5- Um liberal não confia nunca na bondade do próximo para o bom funcionamento do sistema. A natureza humana, e o funcionamento das suas sociedades, não se compadece com idealismos ou utopias ou apenas "wishfull thinking". É preciso agir e poder para aplicar a razão, ou a justiça. Sem isso nada feito.

6- As lamúrias que agora alguns expressam pelo sistema é tão conivente com a corrupção como a tentativa do seu branqueamento. Estas lamúrias são afinal a opinião expressa de quem está comprometido com um sistema que funciona mal. E o principal sintoma de que o actual sistema (democrático, judicial e organizativo) não funciona bem é o facto de o tratamento dado pelos partidos aos candidatos-arguidos com acções judiciais em curso não serem iguais. Por exemplo: ninguém falou na comunicação social que a única autarca do Bloco de Esquerda também é arguida de um processo. Não! E com a total conivência da comunicação social que só tratou como "candidatos bandidos" aqueles que concorriam fora ou contra os seus partidos, o que mostra até que ponto os partidos políticos e a comunicação social são cúmplices do que vai mal neste país.

7- Bandidos por bandidos ainda prefiro aqueles que concorrem contra os partidos políticos. Será tão difícil encontrar comentadores independentes de partidos políticos?

8- Um liberal não tem que confiar na boa consciência de nenhum eleitor: um homem é um homem: a visão utópica e idealista da condição humana aparece normalmente conotada com as tentativas políticas de a transformar. A engenharia social pode ser marxista, troskista, socialista, mas Lberal é que não é.

quarta-feira, outubro 5

Não há nada mais "in" que estar preocupado com o ambiente global. Uma coisa é estar preocupado com as questões concretas (com o ambiente que nos rodeia) outra é falar de coisas que não sabemos nem conhecemos mas de que ouvimos falar. Nomeadamente o aquecimento global e coisas. Já tentei discutir isto com critérios racionais, mas é impossível, as cabecinhas frágeis não conseguem aguentar pensar que quem veicula essas ideias são sobretudo os movimentos anticapitalistas e outras forças políticas radicais. As cabecinhas frágeis não conseguem compreender que são facilmente manipuláveis por objectivos políticos radicais. As cabecinhas frágeis não conseguem compreender que não existe imparcialidade absoluta nem objectividade absoluta, e que a comunidade científica está profundamente dividida nestas questões. Esta divisão da comunidade científica dá origem a muitos debates pelo mundo inteiro, Portugal é dos poucos países em que o pensamento único impera de modo quase absoluto e sempre a favor das mesmas forças políticas que dominam a seu bel prazer as cabecinhas frágeis, sejam elas de estudantes, jornalistas ou professores.

É por isso que quando se tratam destas questões sérias ninguém consegue trazer fontes sérias para a discussão. Por isso essas cabecinhas não se podem queixar quando surgem notícias como estas:

O gado francês produz mais do que duas vezes o total de gases emitidos pelas 14 refinarias de petróleo do país, segundo um relatório de economistas do país.

(via O Insurgente)

É por isso que dou ouvidos a quem merece ser ouvido, e vou começar a ler este blogue de alto a baixo, e o recomendo a todos:

Mitos Climáticos

(não aconselhável a cabecinhas frágeis, poderão descobrir verdades que mexem com a sua visão maniqueísta, conspirativa e limitada do mundo)

terça-feira, outubro 4

Essencial perceber de comércio para falar de comércio

por João Miranda, no Blasfémias

É muito popular a ideia de que Portugal deve utilizar estratégias proteccionistas para combater as empresas espanholas: manipulação dos concursos público, limites legais à entrada de empresas estrangeiras, manipulação das regras da concorrência, campanhas «compre português», subsídios às empresas portuguesas ...

Argumenta-se que os espanhóis não são nada liberais e fazem o mesmo. Os espanhóis também manipulam os concursos, também subsidiam, também impedem as compras das empresas nacionais por estrangeiros, também manipulam as regras da concorrência, também compram preferencialmente espanhol ...

Quem assim argumenta não percebeu completamente o argumento de David Ricardo contra o proteccionismo. O proteccionismo, mesmo o proteccionismo unilateral, prejudica sempre quem o pratica porque o país obriga-se a si próprio a pagar por um preço mais elevado pelos bens que consome.

Note-se que, numa jogada proteccionista há sempre um beneficiado, normalmente um grande industrial com poder político e muitos prejudicados, normalmente os consumidores que pagam mais caro por um produto. No caso dos subsídios ou dos concursos públicos os prejudicados são os contribuintes. Mas as perdas dos consumidores e contribuintes nunca superam os ganhos do grande insutrial porque a escolha proteccionista é sempre uma escolha subs-óptima.

O problema do proteccionismo é difícil de perceber porque a maioria das pessoas valoriza mais o acto de vender um produto do que o acto de o comprar e o acto de comprar uma empresa do que o acto de a vender. Ora, a venda de um produto tem tanta importância como a sua compra, as exportações são tão benéficas para uma economia como as importações e a venda de empresas portuguesas aos espanhós é tão benéfica, ou até mesmo mais benéfica, que a compra de empresas espanholas por portugueses.

Uma transação económica só se faz se as duas partes estiverem de acordo com ela. Eu só compro produtos espanhóis se achar que eles valem mais do que o dinheiro que eu dou por eles e os espanhóis só mo vendem se acharem que o meu dinheiro vale mais que o produto deles. Isto significa que em qualquer transação comercial existem vantagens mútuas.

Da mesma forma, os portugueses só venderão empresas aos espanhóis se acharem que o dinheiro que vão receber for superior ao valor das empresas. E os espanhóis só compram se acharem que a empresa nas suas mãos pode valer mais do que vale em mãos portugesas. Isto significa que a compra de empresas portuguesas por parte das empresas espanholas é duplamente positiva. Por um lado, os empresários portugueses recebem capital que renderá mais que as empresas que possuiam. Por outro, entram em portugal empresários que podem pôr as empresas portuguesas a render mais do que rendiam.


PS: Dá vontade de publicar isto até ao infinito, é que quem não entende isto não perceb mais nada.

Micro-Causa (no Bloguítica e mais umas dezenas)

PODE O JORNAL «PÚBLICO» SFF ESCLARECER COM QUEM É QUE FÁTIMA FELGUEIRAS MANTEVE CONTACTOS NO SECRETARIADO NACIONAL DO PS? QUANDO É QUE ESSES CONTACTOS TIVERAM LUGAR? QUEM É QUE INFORMOU JAIME GAMA PREVIAMENTE DA LIBERTAÇÃO DE FÁTIMA FELGUEIRAS?

sábado, outubro 1

Direitos, privilégios e desperdícios

texto publicado ontem (sexta), no Público, por Miguel Sousa Tavares:

O pior que pode acontecer a uma classe sócio-profissional que decide fazer greve é essa greve não incomodar ninguém nem impressionar ninguém. Porque uma greve é uma forma de pressão e não há pressão alguma quando a greve não incomoda ninguém. Uma greve de transportes, uma greve da TAP, uma greve dos trabalhadores da EDP, incomodam milhares ou milhões. Uma greve na justiça não incomoda ninguém: para aqueles que esperam um ano por um simples despacho e dez anos por uma sentença, uma semana de greve de juízes, magistrados do Ministério Público e funcionários judiciais não incomoda rigorosamente nada.Mas os tribunais são também órgãos de soberania e os magistrados eram, há dez anos atrás, a classe sócio-profissional mais considerada nas sondagens de opinião. Uma greve deles, não incomodando em nada, poderia, todavia, impressionar a opinião pública. Mas não é o caso. A única pessoa que, por dever de ofício, parece impressionada é o sr. Presidente da República. O comum dos cidadãos tanto se lhe dá, como se lhe deu.

Para aqui chegarmos, foi preciso que ambas as magistraturas judiciais tivessem tratado diligentemente de desbaratar em dez anos o prestígio de que, até então, justamente gozavam. Hoje, os juízes e o Ministério Público podem gritar aos quatro ventos que estão a ser maltratados e desconsiderados que ninguém mexerá uma palha para os defender. Para quê defender quem não nos defende? Quem está sempre pronto a reclamar por isto, por aquilo e por aqueloutro, pelas férias, pelos subsídios, pelas regalias, e jamais pelos direitos dos desgraçados que esperam em vão por uma justiça que é quase sempre má ou tardia? Nunca pela cabeça dos senhores magistrados passou a ideia de se imaginarem na pele de um cidadão que é vigarizado por terceiro e que contrata um advogado a quem paga, sustenta despesas prévias para meter a acção em tribunal e que confia que, tendo tudo feito conforme é recomendável num Estado de direito, a justiça lhe há-de reconhecer a sua razão, em tempo útil para salvaguardar a sua actividade profissional e recompensá-lo dos prejuízos sofridos. E que, afinal, espera em vão, anos a fim, até realizar ou que a justiça chega tão tarde que já não lhe serve de nada e apenas gastou mais dinheiro, ou então que lhe é negada a razão, a pretexto de formalismos processuais e bizantinices jurídicas que ninguém de boa-fé consegue reconhecer como justiça. Mas nada disso incomodou jamais os senhores magistrados. Nunca os incomodou o facto de o objectivo essencial da sua actividade - que é o serviço público - servir para tudo menos para cumprir a sua função. Como se a justiça, primeiro que tudo, devesse servir os que a servem e não os que a ela recorrem e a pagam.

Quando um cidadão comum olha para o estatuto profissional de um juiz, o que vê é que eles, assim que saem da escola, têm emprego garantido, começam por ganhar 2330 euros, mais 700 de subsídio de renda de casa (que manterão ao longo de toda a carreira, mesmo depois de reformados...), têm um regime especial e privilegiado de segurança social (o qual é pago em mais de 50 por cento pelos utentes da justiça), têm mais de dois meses de férias por ano, são independentes, isto é, não respondem perante ninguém, são irresponsáveis nas suas decisões, por mais incríveis que estas possam ser, são inamovíveis para sempre, por piores que sejam, e só respondem disciplinarmente perante os seus próprios pares, com toda a escandalosa benevolência que daí tradicionalmente resulta. Que outro emprego existe assim no mundo normal onde as pessoas vivem sem ser à sombra do Estado?

Se formos ainda mais longe, constataremos que, em comparação com países desenvolvidos e próximos, como a Espanha, a Alemanha, ou a França, temos mais tribunais per capita, mais juízes e funcionários por tribunal, mais dinheiro do Estado aplicado no sector, custas mais caras a pagar pelos que recorrem aos tribunais, e mais tempo de espera por uma decisão. O que resta, então, para nos comovermos com as dores dos juízes e magistrados do Ministério Público? O muito que o país lhes deve por, simplesmente, existirem?

Miguel Sousa Tavares, in Público (30.09.05)