quarta-feira, setembro 21

a parcialidade informativa

Alguém reparou na diferente postura da jornalista Judite de Sousa ao entrevistar ontem o líder do Partido Popular e ao entrevistar hoje o líder do Partido Comunista? Não. E que tal um facto: ontem a jornalista passou 15 minutos , dos 30 que a entrevista demorou, a perguntar ao líder do Partido Popular sobre as eleições presidenciais, ao que o político respondeu invariavelmente isto: "não falo de Presidenciais porque não é altura de falar de Presidenciais, isso ajuda a distrair as pessoas dos problemas do momento e ajuda o governo".

Contas à bloco de esquerda (corrigido)

Acabo de ouvir João Teixeira Lopes dizer num debate autárquico que o "aperto do cinto" não é um fim em si mesmo. Isto é, o pagamento de uma despesa não é um fim em si mesmo. Para ele, o dinheiro que se poupa quando se "aperta o cinto" serve apenas para fazer "despesa social". Isto é, para a esquerda, quando existe uma dívida, o objectivo nunca deverá ser pagá-la. O objectivo da poupança de dinheiro (que significa a diminuição de despesas, não a sua anulação) é para gastá-lo novamente, nunca devolvendo o dinheiro ao seu legítimo dono. Isto é a prova de que a Matemática é uma ciência parcial e subjectiva. A Matemática não obedece aos objectivos da esquerda, por isso não serve (já para não falar da economia, que é uma ciência completamente fascista e neo-ultra-irra-liberal, e que por isso não merece qualquer credibilidade).

Isto é a prova provada que a esquerda (e sobretudo a esquerda radical) não é séria. Uma pessoa séria paga o que deve. Isto é a prova provada que a esquerda vive do que rouba, vive do que tira, sem o intuito de devolver, mas de continuar a tirar ad infinitum.

Mas há mais. O Teixeira Lopes acaba de dar algumas soluções para os apartementos que estão há mais de um ano sem ser alugados ou vendidos: "a câmara pega e vende ou aluga por um preço socialmente justo". O que não é dito é a quem é que se tira, a quanto é que se dá, por quanto é que se dá, quem paga, quem recebe, quanto é a comissão para o iluminado que decide tudo e, finalmente, que merda é essa de "preço socialmente justo".

Isto é o discurso do fascismo de esquerda. Que não reconhece o direito das pessoas à propriedade privada. Que não acredita nas pessoas e que lhes limita a sua liberdade, e que substitui a elas para decidir tudo da sua vida. A única solução que apresenta é tirar a uns para dar a outros, mais nada. E o povo assente e concorda. Mas não é só o povo que sociologicamente nos explicam que é normal que sejam estúpidos porque são pobres. Não. são também os meninos que andam na Universidade e que não sendo capazes de decifrar as nuances do discurso político, votam de acordo com o Marketing com que foram formados nas escolinhas, onde todos os professores os alertam para os perigos do capitalismo, para a dicotomia rousseauniana da cultura/lei da selva que pretende branquear a natureza humana, que os educam para a reciclagem e para o ódio às empresas que dão emprego aos pais deles mas que mataram uma borboleta amarela que era do tempo do professor quando ele era pequenino, e esse vão todos votar no Bloco de Esquerda.

Nunca ninguém que tivesse lido o 1984 votaria no Bloco de Esquerda. Mas a ignorância cresce e o Bloco melhora o seu marketing, e a "juventude" vai toda na cantiga, como uma moda. só que isto é perigoso. É muito perigoso. Esta gente não aprendeu nada com a História, e estão dispostos a foder tudo outra vez. E é bem possível que isso venha a acontecer.

conclusão a retirar das eleições alemãs

Não havendo sistemas perfeitos, o que aconteceu na Alemanha, e sobretudo o que se vai passar a seguir, com as mais escabrosas negociações entre partidos com programas completamente diversos, mostra as falhas do sitema democrático parlamentar alemão (que é muito semelhante ao português e a outros países europeus). Sendo assim, conclui-se que o sistema democrático alemão tem muito a aprender com o sistema norte-americano.

segunda-feira, setembro 19

Declaração de um cidadão que não permite que pensem por ele

Votando não passei declaração a ninguém para pensar por mim. Sendo assim, tenho uma coisa a dizer às pessoas que acham que é melhor para os portugueses que as empresas portuguesas estejam em mãos portuguesas. É o seguinte:

Eu não acho que seja do MEU interesse que as empresas portuguesas estejam em mãos portuguesas. Aliás, se isso significar gastar mais dinheiro dos meus impostos, então é do meu interesse que as empresas pertençam a estrangeiros. E mais digo: prefiro ser servido por estrangeiros porque nunca nenhuma nacionalidade me enganou tantas vezes e me serviu tão mal como a portuguesa.

Contas à esquerda

Não posso deixar de sentir a derrota de Angela Merkel na Alemanha, o que impede que um partido liberal, o FDP, chegue ao poder (que seria em coligação com a CDU de Merkel). Os resultados até agora apurados são os seguintes:
CDU - de Merkel - 225 lugares
SPD - de Schroeder - 221 lugares
FDP - os liberais - 61 lugares
Neo-Comunistas - 54 lugares
Os Verdes - 51 lugares

Dados importantes:
- agora as negociações para possíveis coligações vão começar, mas os líderes dos principais partidos não admitem negociar com os Neo-Comunistas (por serem demasiado radicais)
- o Chanceler Schroeder, que teve menos votos que Merkel, reivindicou a sua vitória...

PORQUÊ? Então se ele não admite negociar com os neo-comunistas como poderá alcançar uma coligação com mais votos que a de Merkel?

É que, apesar de serem reconhecidamente extremistas, os neo-comunistas também contam como sendo de esquerda? Schroeder admite estar do mesmo lado político que os extremistas, pelo menos ideologicamente? Parece que sim... É que se fossemos razoáveis as contas seriam assim: Neo-comunistas não contam. Merkel ganha porque, aliada aos liberais, tem muitos mais lugares que a esquerda (pelo menos a democrática). Mas o problema é que para a esquerda conta tudo.

domingo, setembro 18

A BdB feita pela Helena Matos

Setembro negro por Helena Matos

"O filme egípcio Le Jouet Rouge (O Brinquedo Vermelho) foi exibido por engano durante o festival de filmes documentário de Ismailia, em Israel.Um "erro técnico" levou à projecção do filme israelita, explicou à agência de notícias AFP o crítico de cinema Ali Abu Chady, presidente da mostra.Segundo ele, o filme egípcio fazia parte de um programa da UNESCO de três filmes que não estavam classificados na ordem indicada pela documentação apresentada pela organização. Por isso, o filme egípcio foi exibido por engano no lugar de um indiano.

Esse erro causou surpresa entre os espectadores israelitas. Os organizadores da mostra tiveram de publicar imediatamente um comunicado explicando a situação."Não permitiremos nunca a projecção de um filme egípcio, seja quem for o produtor, no festival de Ismailia, já que isso contraria o nosso repúdio a toda normalização das relações culturais" entre Egipto e Israel, disse Ali Abu Chady."

Esta notícia não é verdadeira. Aliás como não terão deixado de notar alguns mais dados à geografia e ao roteiro dos festivais de cinema, Ismailia fica no Egipto e não em Israel. Mas basta trocar egípcio por israelita para que tudo aquilo que é aqui narrado ser absolutamente verdadeiro. Por outras palavras num festival de cinema que teve lugar no Egipto foi projectada uma curta-metragem israelita. Os espectadores ficaram surpresos e os organizadores representados pelo presidente da mostra, o crítico de cinema Ali Abu Chady, rapidamente explicaram que tal se deveu a um erro técnico. Em causa não estava o filme que narra a história dum transistor vermelho, que, nas mãos duma criança, viaja entre árabes e judeus. Em causa está simplesmente o facto de o filme ser israelita: "Não permitiremos nunca a projecção de um filme israelita, seja quem for o produtor, no festival de Ismailia, já que isso contraria nosso repúdio a toda normalização das relações culturais" entre Egipto e Israel, declarou Ali Abu Chady.

Face à enormidade destas afirmações esperei pela expressão de vivos repúdios por parte das associações anti-racismo e das organizações internacionais dos direitos humanos. Quiçá por cordões humanos em frente às representações diplomáticas do Egipto. Pelas denúncias daqueles que a si mesmos se designam como activistas da paz. Da solidariedade de actores e realizadores para com Dani Rosenberg, o realizador do filme em causa.

De actores, produtores e realizadores dizendo que jamais aceitariam ir ou participar naquele festival enquanto vigorasse tal atitude. Mas esperei em vão. Curiosamente, dias antes deste festival de Ismailia, a Europa tinha sido palco de várias declarações de estrelas de cinema norte-americanas ,que, a propósito do Katrina, diziam que tinham muita vergonha de serem americanas. Estavam no seu direito. A democracia impera por estas paragens e cada um é livre de dizer o que quer. Não faço ideia se sentem vergonha por aquilo que sucedeu a Dani Rosenberg. E não faço ideia (seja sobre a dimensão do seu silêncio ou das suas palavras), porque o acto de discriminação de que o filme israelita foi alvo praticamente não chegou a ser notícia.

O relato deste incidente ou foi atirado na qualidade de breve para as últimas páginas dos jornais ou nem sequer existiu. Porquê? Porque está implícito que o racismo contra os cidadãos de Israel não só é legítimo, como uma quase fatalidade. O que aconteceu neste festival de cinema foi racismo puro. As declarações do senhor Ali Abu Chady são iníquas e condená-lo-iam ao ostracismo entre os seus pares, caso o alvo do seu ódio não fosse Israel. Mas dada a nacionalidade dos envolvidos tudo é aceite com uma naturalidade perturbante.Aliás o que sucedeu neste caso no campo da cultura - sempre tão activo na solidariedade com todos os movimentos que se apresentem como libertadores da Palestina tem também um largo rasto no desporto. Nos Jogos Olímpicos de Atenas, que tiveram lugar o ano passado, o judoca iraniano Arash Miresmaeili recusou-se combater com o judoca Ehud Vaks. Porquê? Porque Ehud Vaks é israelita. Arash Miresmaeili foi excluído dos jogos e recebido como um herói no Irão. Às perguntas: poderia ter Arash Miresmaeili feito outra coisa? Como reagiriam as autoridades iranianas caso Miresmaeili tivesse combatido com Vaks? O que lhe aconteceria se perdesse?... outra questão se deve juntar: a Federação Nacional de Judo do Irão é aceite internacionalmente? País algum a boicotou como no passado aconteceu com os atletas e os dirigentes desportivos da África do Sul? Se tal não aconteceu, devia ter acontecido. Afinal a Federação Nacional de Judo do Irão não só defendeu a atitude de Arash Miresmaeili como propôs que ele recebesse os 94.000 euros oferecidos pelo Governo iraniano a cada um dos atletas que arrebatasse uma medalha de ouro em Atenas.

Infelizmente, este episódio de Atenas está longe de ser caso único. Mahed Malekmohammdi e Masoud Haji Akhoundzade (Campeonato do Mundo de Judo, 2001), Hani al-Hammadi e Nabeel al-Magahwi (Campeonato Mundial de ténis de mesa, 2003) são atletas que se recusaram a combater com israelitas.O que é assustador é que, apesar das condenações diárias do racismo, continuamos, tal como no passado, a tolerar o direito ao racismo. A consagrar a tal excepção, que é o mesmo que validar a regra. Por exemplo, como se podem condenar os jogadores e técnicos de futebol que emitem comentários racistas acerca dos jogadores negros e depois tolerar estas mesmas atitudes quando os alvos do racismo são atletas israelitas?

Por fim, apenas mais uma questão: os palestinianos. Está certamente na altura de se discutirem os seus direitos. E estes direitos ou a ausência deles estão longe de ser um problema que diga maioritariamente direito a Israel. Como vai ser a vida dos palestinianos na Faixa de Gaza, agora que Israel retirou? Quem aplica a lei? Para quem vão os fundos da UE? O que se está a passar com palestinianos que residem no Líbano? Quais são os seus direitos?... Por amarga ironia, outra das perversões do anti-semitismo é que a questão dos direitos dos palestinianos só é colocada quando isso permite confrontar Israel. Fora desse âmbitos, os promotores da sua causa fecham piedosamente os olhos. Tão piedosamente que quase se deixou cair no esquecimento o massacre de milhares palestinianos às mãos do Exército jordano. Temendo que os guerrilheiros palestinianos promovessem um golpe de Estado e passassem a governar a Jordânia com o apoio da Síria, o rei Hussein da Jordânia mandou o seu Exército avançar para os campos que os guerrilheiros palestinianos haviam instalado no país e para onde haviam conduzido vários aviões comerciais que haviam desviado. Morreram milhares de palestinianos. Quantos não se sabe ao certo. Sabe-se apenas que aconteceu em Setembro de 1970. Mais precisamente há 35 anos, no dia 16 de Setembro.

Nota: texto publicado ontem (Sábado) no Público, que reproduzo na íntegra; quanto às questões de direito de autor eu replico que paguei o jornal, porque o paguei, e só faço copy paste no dia seguinte à publicação do texto pelo jornal.

sábado, setembro 17

Fascinante e repugnante.

"Cymothoa exigua esconde-se na boca do animal e devora a sua língua para depois se alimentar da comida que o peixe ingere." lê-se no Público de hoje.

A forma de vida desde parasita tem tanto de fascinante como de repugnante. Instala-se na boca do peixe e suga o sangue da sua língua até que esta morre. Depois o parasita vai substituir a língua do peixe, alimentando-se do que o peixe ingerir. Uma espécie de transplante de língua.



Pensa-se que este parasita tenha viajado da costa da Califórnia, onde já tinham sido avistados, para a de Inglaterra, onde foi agora encontrado por um pescador.

NOTA: Para ler mais clique nas imagens.

terça-feira, setembro 13

nunca pensei que um post destes desse nisto

Em resposta a este comentário inacreditável:

"Qual foi o atentado terrorista que causou a primeira guerra no Golfo? Nunhum! O que se passou foi a invasão de um estado soberano por outro!"

Você aqui tenta branquear a História ou simplesmente o seu ódio adulterou-lhe completamente o pensamento. Quem invadiu um estado soberano foi o Iraque, que invadiu o Koweit. Quem declarou guerra ao Iraque não foram os EUA mas sim uma grande força multinacional que contou com todos os países europeus, inclusive Portugal. Os EUA pagaram e contribuíram com a maioria do material bélico, mas com toda a legitimidade política. (Afinal sempre precisa de umas boas aulas de História!)



"Pense porque que é que nenhum representante da ONU se manteve no comando das sanções e inspecções ao Iraque por mais do que 3 ou 4 meses, acabando sempre por se demitir."

Os inspectores são da responsabilidade exclusiva da ONU e os EUA puderam apenas protestar o critério político da sua escolha: a maioria opunha-se à administração norte-americana. Para além disso Hans Blix ficou na chefia das inspecções durante vários anos. (Essa memória!)



"Pense porque é que a partir da guerra do Golfo, o negócio mais lucrativo (a seguir ao "aprisionamento" do petróleo pelos USA naturalmente) nessa região era o contrabando de comida e medicamentos!"

Aqui você revela toda a sua má fé: acusa os EUA do que não fizeram aprisionamento de petróleo e iliba o Iraque e a ONU das suas responsabilidades. Primeiro: quem ficou com o petróleo do Iraque foram empresas russas, francesas e alemãs. O escândalo do contrabando da comida e medicamentos foi uma fraude que o Iaque cometeu perante a conivência da ONU e dos seus comissários acusados de corrupção. Mais: os EUA denunciaram o caso. (Pense, pense!)



"Se os bons samaritanos dos polícias do mundo estavam tão preocupados porque é que dizimaram um povo á fome e a morrer das doenças mais simples!"

Quem dizimou o povo iraquiano foi Saddam Hussein e os terroristas: ambas as guerras do Iraque tiveram as taixas mais baixas de fatalidades civis. Além disso a primeira guerra tinha a justificação de libertar o povo do Koweit (disso não sabia, não?), a segunda para libertar o Iraque do causador da fome de que você fala. Além disso as sanções impostas ao Iraque foram da responsabilidade da ONU e não dos EUA. Além disso foram os EUA que denunciaram os maus tratos dados à população. Você perdoa Saddam de usar armas químicas e ignora completamente todos os factos. Mais uma vez má fé e ignorância.



"è por estes e outros pontos que sempre lembrarei o 11 de Setembro como um acto de guerra! Não convencional admito, mas foi o que a CIA ensinou a planejar! Quem semeia ventos colhe tempestades (perdoem o trocadilho!) What a f***... is wrong with the world today?"

Mais uma vez má fé: alguma vez um agente da CIA mandar um avião contra um prédio cheio de pessoas? Você já tinha ouvido um caso semelhante? É incrível esssa afirmação! Finalmente você acaba justificando o atentado do 11 de Setembro considerando-o um acto de guerra, ainda que não convencional. Finalmente você deixa cair a máscara politicamente correcta e mostra o seu verdadeiro nível. Você achou o atentado justo e justificável!

Eu tenho pena que existam pessoas como você.

domingo, setembro 11

mercado bom, mercado mau

"A notícia da entrada para a TVI do Grupo Prisa permitiu que o mercado ganhasse novos e entusiastas adeptos nos sectores que geralmente lhe são adversos. É claro que muitos daqueles que dizem que esta operação é apenas o mercado a funcionar estariam já a promover manifestações contra o mercado caso fosse não o Grupo Prisa a promover esta operação mas, por exemplo, o Grupo Fininvest controlado por Berlusconi."

Helena Matos, no Público de ontem.

Never Forget



Não basta condenar o antiamericanismo. É preciso saber defender aquilo porque eles são atacados, hoje e todos os dias: a defesa da Liberdade. Nunca esquecer o 11 de Setembro.

sexta-feira, setembro 9

a única coisinha que faltou...

...no artigo anterior, e que só eu o poderia dizer, é o seguinte:
Tenho muitos amigos antiamericanos, e esses se lessem o artigo anterior, coisa que duvido que façam, porque o antiamericanismo é uma coisa estúpida que provém da irracionalidade e não se funda em factos, mas se o lessem perceberiam em poucos minutos que é possível a uma pessoa admirar um país e gostar dele, o que é anormal e precisa de explicação é estar contra. Eu por exemplo sou contra os regimes que privam os seus cidadãos de liberdade. Sou contra Cuba, mas porque sou a favor dos cubanos, por exemplo. O meu sentimento de amor pelo ser humano é maior do que qualquer nacionalismo ou patriotismo. Eu gosto mais de um chinês amigável, do que um português que me tenta enganar. E como gosto das pessoas e gosto que elas vivam bem é que me interesso pela política. Não posso deixar de lutar pelo sistema que eu acredito profundamente que melhor defende os interesses de toda a Humanidade: o Liberalismo.

Agora, também sei que o pacifismo não leva a lado nenhum, e sei que faz parte da própria natureza do Homem tentar controlar outros homens e se possível retirar-lhes a sua liberdade em nome de conceitos abstractos e distantes da minha compreensão como: "a bem da comunidade", "para meu bem", "por motivos patrióticos", "por solidariedade", etc. O que eu quero dizer é isto: não se consegue nada sem lutar e muitas vezes as coisas têm que ir pelo uso da força, porque é impossível pactuar com certas privações da nossa liberdade e em que o uso do debate racional é completamente inútil porque ninguém o atende (situação em acho que ainda estamos longe de atingir).

Mais: eu acho sinceramente que defendendo os valores dos EUA e muitas vezes os seus próprios interesses estou a defender também os meus interesses e os interesses das pessoas de todas as nações. Seriam precisas muitas aulas de História para fazer as pessoas compreenderem isso, mas é no que eu acredito.

De qualquer maneira: eu sou livre de defender, o que é irracional é o preconceito antiamericano, porque é perigoso e porque fomenta um ódio que se multiplica e que nos pode levar a um caminho sem retorno. Esse caminho sem retorno é uma nova Guerra Mundial, que como as outras, se basearia no ódio, no preconceito irracional e na estupidez.

E no caso de uma Nova Guerra Mundial, era esta a declaração que eu queria fazer, o nosso país tem uma remota hipótese de não se encontrar do lado certo, e no caso de não estar do lado certo eu não vou lutar contra os valores que eu acho que melhor defendem a Humanidade. E caso os políticos que me governassem fossem assim tão estúpidos eu não me sacrificaria por eles em nome de uma bandeira que não é mais do que um pedaço de tecido. Eu tenho cabeça para pensar e nunca permitirei que ninguém tome decisões ou pense por mim.

O que eu quero dizer é o seguinte: em caso de Nova Guerra Mundial eu seria o primeiro a lutar pelos EUA e aí eu queria ver se vocês continuavam a ser antiamericanos. Porque se continuassem na vossa estupidez irracional, como sabem em tempo de guerra não há grande tempo para debates racionais, não haveria mais tempo para eu vos convencer do contrário. O que eu estou a dizer aos antiamericanos é que eu vos mandava um tiro assim que vos visse. Até porque é certo que a haver novo conflito mundial esse não será provocado pelos EUA, mas sim pelo ódio que se espalha pelo mundo contra eles.

Eu mando-vos um tiro, não duvidem! Eu sei que este post é o mais estúpido que já leram. Mas ser antiamricano é a coisa mais estúpida que existe. E todas as guerras começam na estupidez.

Sobre o furacão Katrina...

não tenho muito a acrescentar a este artigo que o José Pacheco Pereira escreveu ontem no Público e publicou no Abrupto. Artigo de leitura obrigatória, que copio na íntegra.

"Que alguma coisa correu muito mal nos primeiros dias no apoio às vítimas do furacão Katrina, é incontestável. Que parte do que correu mal se deve à administração federal do Presidente Bush, também me parece ser incontestável. Que os políticos em democracia têm um preço a pagar por coisas como estas, continua a ser incontestável. Que há muita coisa de errado na sociedade americana, que nem tudo é bom, e que está longe de ser perfeita, também é incontestável. Não é isso que está em causa. Não combato o discurso da culpa com o da desculpa. Enquanto se estiver nessa dança árida da culpa-desculpa, não se vai a lado nenhum.

O que está em causa é outra coisa, é a histeria anti-Bush, e antiamericana, que varreu a comunicação social, na portuguesa com o primarismo habitual, na de muitos outros países, incluindo os EUA, reproduzindo as clivagens da última eleição presidencial. Há hoje uma forte corrente de opinião mundial hostil aos EUA não só enquanto realidade política, mas enquanto realidade sócio-cultural. Pode até em parte ser culpa dos americanos, mas está cá para lavar e durar, e moldará a política europeia de uma forma muito perigosa, em primeiro lugar para os europeus, que dependem dos EUA para se defender e fazem de conta que não sabem isso.

Não é apenas a guerra do Iraque, embora esta seja um irritante muito especial, são muito mais coisas, é a "superpotência", é o sistema económico, é o "imperialismo" cultural de Hollywood, é a globalização, são os McDonalds, são os alimentos geneticamente modificados, é o Deus das notas do dólar, são mil e um pretextos, mil e um ressentimentos, Podem bater com a mão no peito e dizer que não senhor, não são antiamericanos, até gostam dos EUA, da música americana, da cultura americana, das ruas de Nova Iorque, do "espírito" americano, tudo abstraindo do país concreto que existe e não há outro. Nesse país concreto, foi eleito aquele Presidente e eu posso detestá-lo, mas não uso a desgraça dos americanos para obter uma pequena vingança política e ganhar uma maior auto-estima feita do mal alheio.

Este antagonismo antiamericano unifica muitos elementos, é poderoso porque vem da esquerda e da direita, tem raízes tanto no antiamericanismo filho do Kominform, como no antiamericanismo gaullista, que molda o perverso nacionalismo burocrático da União Europeia. Se há pensamento único, é aqui que se encontra nos nossos dias.Não me venham dizer que o que se viu na zona atingida pelo furacão é o que se costuma ver no Uganda e no Ruanda, porque isso é um completo absurdo que não resiste à mais pequena análise. É puro discurso ideológico transformado em discurso "noticioso", ou então não sabem do que estão a falar, e do que aconteceu no Ruanda, no Uganda, na Serra Leoa, por aí adiante.

Não me venham agora dizer que descobriram a pobreza americana, com grande "surpresa", para fazerem uma catilinária contra o capitalismo selvagem, o "estado mínimo", e o american way of life que não dá aos seus pobres o que o Estado-providência europeu supostamente lhes dá. É um puro discurso ideológico, que, quando vem da esquerda, então é hipocrisia pura, porque o que sempre a esquerda radical disse é que a América era quase só isto.A pobreza esteve lá sempre, nuns sítios mais, noutros menos. A desigualdade social também. Na América, a pobreza é mais nua e crua, tão inaceitável como em qualquer lado, mas nunca esteve escondida de ninguém por qualquer imagem de perfeição social que só existe inventada na imaginação da propaganda, para ser utilmente negada com falso escândalo. Insisto, esta surpresa, este espanto, é de todo hipócrita. O retrato da pobreza e violência nos EUA entra-nos em casa todos os dias pelas séries televisivas e pelos filmes, já que agora não se lê literatura, porque, se se lesse, também entrava pelos livros. Por isso, não me venham agora dizer que se "descobriu" a pobreza do Sul e que ela é predominantemente negra. Não viram nenhum filme americano nos últimos anos, não viram nenhuma série televisiva?

Não custaria fazer uma lista dos muitos modos puramente ideológicos como o que aconteceu foi usado para a campanha antiamericana. Começa-se por se esquecer que houve um furacão, e desapareceram as imagens da violência da natureza, passados os primeiros dias, em que elas ainda eram politicamente neutras. O contraste com o tratamento do tsunami é flagrante, e, nem de perto nem de longe, as televisões passaram algo de semelhante à repetição mórbida das ondas que entravam terra dentro.Os noticiários deram sempre em primeiro lugar, e às vezes em único lugar, a notícia da imputação da culpa, esquecendo quase de imediato o desastre natural, a não ser para reforçar a culpa, transformando a humanidade das vítimas numa abstracção e num libelo acusatório. Foi isso que interessou. O sujeito da desgraça de Nova Orleães foi Bush, não o Katrina e imediatamente se isentou toda e qualquer autoridade local e estadual para só referir a culpa do governo federal, como se os EUA não fossem um país feito de autoridades sobrepostas. Para muitos americanos, a começar pelos "pais fundadores", vinha daí a liberdade, mas talvez não seja tão eficaz como sistema de governo quando há uma catástrofe destas dimensões.

Nos EUA, as vítimas não são verdadeiras vítimas, servem como bandeira para mostrar que o sistema é mau e o Presidente péssimo, que há um contínuo entre a guerra do Iraque e o "cenário de guerra", que mil e um comentários referiram a propósito e despropósito de Nova Orleães. Não me lembro de tal léxico bélico para descrever as zonas devastadas pelo tsunami, que certamente também deveriam parecer zonas de guerra. No tsunami, como a Tailândia, o Sri Lanka e a Indonésia são longe e não são os EUA, a questão da culpa só foi aflorada numa referência inicial sobre se havia ou não aviso possível. Quem é que quer saber da culpa em tão remotas paragens. Aí a culpa é da natureza.

É por isso que há quem veja a "mão de Deus" no Katrina e não são só os fundamentalistas da Al-Qaeda, nem só os do Bible belt. A ideia de uma América e de um Presidente punidos pelo seu orgulho, ou a sua "falta de humildade", por cometer mil e um crimes no mundo e precisar de um revelador catastrófico da sua inerente maldade, está subjacente no modo como esta catástrofe se tornou numa metáfora política. Pior, numa metáfora moral sobre o mal castigado.Quem conhece a sua Bíblia sabe onde isto vem: no episódio de Sodoma e Gomorra. Deus, na sua absoluta ira, pune as duas cidades viciosas pelo fogo. Os seus anjos não encontraram nenhum homem que não fosse pecador e, depois de Lot estar a salvo mais a sua família, Deus varreu as cidades para todo o sempre. É uma forma de justiça não é?"

ps: É mais fácil esperar que alguém diga tudo, ou quase tudo, o que pensamos. Valeu a pena esperar por este artigo.

quinta-feira, setembro 8

Coming out of the closet

Está na altura de nos assumirmos, de sair de casa pelo Liberalismo!

Dia 14 no Café Blasfémias, no Porto.

Dia 22 nas Noites à Direita, em Lisboa.

Espero um dia organizar uma excursão para irmos todos de Coimbra... mas, por enquanto, se houver alguém para dividir a gasolina que diga qualquer coisa.