sexta-feira, abril 1

Terri Schiavo

A questão da eutanásia já é por si muito complicada de se debater. As opiniões dividem-se e é normal que assim seja. Não é fácil pensar que alguém que amamos possa preferir morrer.
Se é difícil aceitar uma decisão dessas muito mais é se tivermos que ser nós a tomá-la. E isso já depende da maneira como encaramos a vida e a morte.

O caso actual mais mediático é o de Terri Schiavo. O que podemos dizer nós sobre isso? Não sabemos o que ela sentia, se sentia, e acredito que tanto os pais como o marido queriam o que queriam por pensarem ser o melhor para ela. Agora a decisão tomada já não tem volta. Mas podemos e devemos reflectir sobre a questão.
Terri Schiavo não precisava de uma máquina para sobreviver (respirava e bombeava o sangue) apenas de um tubo para a alimentar. Estava há quinze anos nesta situação e nunca pediu para morrer (não o conseguiria fazer). Os pais defenderam o direito à vida e dispunham-se a cuidar da filha, o marido argumentou com um desabafo que Terri lhe fizera antes em relação a um amigo em estado vegetativo. O tribunal da Florida decidiu a favor do conjugue que tem o direito de decidir nestes casos.

No Editorial da revista "Sábado" lê-se:
"O que se deve avaliar são os factos. Terri Schiavo podia sobreviver várias décadas no seu estado. A falta de autonomia seria ultrapassada através dos pais, que se dispuseram a tomar conta dela. Nada fazia pressupor que ela quisesse morrer. Mesmo assim, Terri foi condenada a uma das formas de morte mais cruéis – à fome e à sede –, sem ter cometido qualquer crime e sem sequer se poder defender. Cortaram-lhe a alimentação deixando-a morrer lentamente."

Grupos católicos pró vida aproveitam o rosto de Terri para a sua propaganda contra a eutanásia e contra o aborto. Estes grupos defendem a vida acima de tudo mas são contra avanços da ciência como o das células estaminais que podem vir a transformar a vida de pessoas que continuam a viver mas sem viver.
Os tratamentos com células estaminais são apontados como solução para algumas doenças degenerativas e também para o caso de Terri. Não é preferível a deixar morrer alguém?

Eu disse logo que era uma questão muito complexa. Eu não sei o que é mais certo. Estou confusa!
No Editorial que referi, lê-se ainda que "o caso de Terri Schiavo não é eutanásia".
A respeito deste caso leia-se este comentário de Tiago Azavedo Fernandes.