Constituição Europeia: sim ou não?
Caso haja referendo europeu, terei que tomar uma decisão. Por um lado sou contra ESTA EUROPA, que se constrói nas cimeiras quinzenais Chirac-Schroeder, uma Europa que se constrói para agradar à opinião pública francesa, uma Europa que abomina o liberalismo, uma Europa que não cresce, uma Europa, que à imagem do nosso país defende quem está bem e dá poucas oportunidades quem quer fazer bem (criar riqueza), uma Europa que confunde os interesses franco-alemães com os interesses europeus, uma Europa que prejudica o terceiro mundo e que finge querer protegê-lo do, sempre insinuado, pretenso imperialismo norte-americano.
Mas por outro lado defendo o projecto original de construção europeia. Com uma Europa sem fronteiras, uma moeda forte e estável, um mercado competitivo, uma Europa que funcione como motor de progresso e inovação, não contra os EUA, nem contra ninguém, com objectivos próprios, que contribuíssem para o crescimento da economia mundial. Eu defendo isso, e também acho que esta Constituição não é mais que uma actualização e simplificação de tratados, que de qualquer forma já estão em vigor.
Com estes argumentos bens pesados, embora fosse uma decisão apertada, talvez votasse não. Seria entendido como um castigo à prepotência e ao fracasso das políticas franco-alemãs. Mas um dado mais vai complicar esta equação, tornando-a, talvez, insolúvel. É que a França prepara-se para dizer Não, exactamente pelos motivos contrários que com que eu sustentava o mesmo veredicto. E agora?
Votarei NÃO porque não concordo com a liderança franco-alemã e depois os média analisarão o meu (nosso?) voto em analogia com o não da opinião pública francesa, declaradamente antiliberal?
Votarei Sim e serei um defensor desta Europa socialista, que não ata nem desata?
Eu queria, sinceramente, que na França dissessem Sim, para que Portugal dissesse Não. Mas também não escondo que ficaria contente com o embaraço de Chirac. Seria um grande motivo de satisfação. (Chirac, o homem que considera o liberalismo tão perigoso como o comunismo, não esquecer)