quarta-feira, julho 20

serviço público

Uma concorrente tenta responder a uma pergunta desconhecendo completamente a resposta. Durante 15 minutos ela hesita em escolher uma de três hipóteses de resposta, um de três livros. Nunca leu nenhum deles. O público em casa começa a ficar enervado. Ela olha e olha, sorri muito e o público gosta e diz com ternura "é muito bonita". O apresentador, apesar das suas orientações sexuais, também pensa mais ou menos o mesmo: "uma mulher tão bonita, parece esperta, isto só pode ser bom para as audiências". Não podemos perder de vista que ela não sabe a resposta, a escolha entre A, B ou C é completamente aleatória. Mas será? Ela espera o máximo que lhe é possível esperar, não se precipitando e deitando tudo a perder. O apresentador vai fazendo conversa. Ela vai raciociando em voz alta. É apenas um pseudo-raciocínio, ela já admitiu que não sabe a resposta, mas mesmo assim as pessoas engolem como se fosse de uma pessoa muito inteligente esperar para saber se se deve responder A, B ou C. Finalmente o apresentador intima a concorrente a escolher uma resposta. A concorrente bonita responde B. Então o apresentador pergunta "mas tem a certeza?" E ela diz que não. Finge que vai pensar mais um pouco. O apresentador dá mais um pouco de conversa. Ambos sabem que não podem dar muito nas vistas. O apresentador sabe a resposta. Agora a concorrente também. Mas ainda não se podem precipitar. Depois do tempo razoável o apresentador volta a pedir uma resposta. resposta A. O apresentador manda bloquear. Estava certa. O público embevecido comenta em casa: "ela é mesmo inteligente". Acabou de ganhar 35 mil euros.

Este tipo de fraude é conhecido vulgarmente como "cultura geral". Tecnicamente como "programa de entretenimento". Não perca, de segunda a sexta, na RTP1.