segunda-feira, julho 4

Como ajudar África?

Hoje no Público vem um artigo de Carlos Pacheco que fala na melhor maneira de ajudar África. Entre outras coisas o autor diz "que a pobreza de subsistência, apesar de tudo, durante séculos, permitiu aos povos de escassos recursos satisfazer as suas necessidades básicas por meio do auto-abastecimento". E que o problema dos dias de hoje é "a invasão das multinacionais e a ideologia do capital".

Resumidamente vivia-se bem em regime de subsistência, mas que a ideologia que veio do Ocidente que visa a procura do lucro é que os levou à miséria. Porquê? Porque as multinacionais os obrigam a comprar os seus produtos.

Semelhantes delírios têm até dificuldade em ser considerados românticos. Na verdade algumas das ideias defendidas parecem mais medievais do que outra coisa. A desresponsabilização dos próprios africanos, esquecendo as lutas desenfreadas pelo poder e as guerras por motivos racistas, é quase total. A culpa é dos outros. A culpa é do sistema capitalista, que busca o lucro. Esquecem-se sempre que o lucro é o resultado da organização eficiente do trabalho, de forma a obter o máximo de bem estar para a população.

O autor defende um regresso a um tempo que nunca existiu, porque o que a economia de subsistência é sempre possível, basta que o campo não esteja minado ou que não haja uma guerra por perto (porque as guerras de hoje já nada têm a ver com os europeus). Mas os africanos querem mais do que a susistência, o que o autor parece ignorar. O autor defende que a única maneira de desenvolver os países africanos é através de Estados centralizados. Esquece que isso foi a única coisa que se fez até agora. Defende que a iniciativa privada visa a desmantelação dos Estados africanos. O autor esquece que o único momento de desenvolvimento do seu país foi muito à custa de empresas privadas, como a CFB, fundada por um inglês, que fez a maior linha ferroviária do seu país.

O autor esquece umas coisas, mas pelas suas palavras sabe-se porquê. Sendo angolano isso é mais que óbvio. O Público fez mais uma contribuição dando voz a esta delirante voz. O Estado português todos os dias ajuda a pagar os estudos de milhares de estudantes angolanos que quando regressarem ao seu país serão os quadros do MPLA que tem vindo a fazer de Angola uma ditadura marxista. E depois dizem que querem ajudar... Ajudamos... a formar os futuros ditadores e exploradores lá do sítio.