quinta-feira, outubro 23

o grande salto em frente da educação em Portugal

O "Grande Salto Em Frente" é o nome por que ficou conhecido o período de maior mortandade da história mundial. Na China de Mao, no final dos anos 50, um plano económico teve consequências desastrosas e terão morrido entre 30 a 50 milhões de pessoas. O objectivo era maximizar a produção de cereais para poder criar excedentes, vendê-los e retirar daí o maior lucro possível. O poder central exigia das provìncias o melhor resultado possível, isto é, a maior quantidade de excedentes, fazendo-as competir entre si. Por sua vez as províncias, ou as chefias intermédias com medo de represálias do poder central anunciavam grandes resultados e aumentavam a quantidade de excedentes dos cereais retirando a parte que cabia ao consumo dos próprios camponeses. O poder central queria resultados a toda a força, e as chefias intermédias pretendiam promoções políticas, o sofrimento causado aos camponeses no meio desta história era irrelevante para os dois. Os números apresentados, numa ânsia de agradar ao poder político central, eram cada vez maiores e cada vez mais afastados da realidade. Anunciavam-se os maiores excendentes de cereais de sempre, e na verdade o que de facto acontecia era que a parte de cereais que cabia aos camponeses era cada vez menor e estes começavam a sofrer de fome e a ter dificuldade em sobreviver. A distância entre os números anunciados pelo poder central e os números reais era cada vez maior e após alguns anos de más colheitas foi impossível negar o desastre do plano económico: tinham sido retiradas aos camponeses todas as suas provisões e a grande mortandade derivada da fome começou.

Na crise do sub-prime americano também as chefias centrais, a administração Clinton, promoveu e incentivou um produto de risco em virtude de um objectivo político: uma casa para os pobres, para quem normalmente não tinha dinheiro para uma casa. Os vendedores de produtos financeiros encontraram o estímulo e a cobertura política para um negócio. No terreno, os agentes ganhavam por cada empréstimo que vendiam. Mas um empréstimo é um negócio que só se concretiza na liguidação deste e não na assinatura do contrato. O objectivo do poder político contudo era satisfeito com a distribuição de novas casas, embora estas só pertençam realmente a essas pessoas depois de pagar o empréstimo. A distância da realidade face à obtenção de um objectivo político novamente.

Na educação, em Portugal, o ministério que da tutela achou que o sucesso do ensino se mede pelo número de alunos que um professor numa dada turma "passa". Isto é, se eu dou positivas aos meus alunos todos eu tive sucesso e a turma também. Se eu chumbei alguém tive menos sucesso e a turma também. É lógico que o sucesso do ensino de um determinado professor só pode ser medido por um instrumento externo a ele próprio, como é, por exemplo, um exame, e o sucesso da turma só ocorre se no final de um ano lectivo estes tiverem progredido ao nível das suas competências e etc. O normal é que um professor exigente "chumbe" mais alunos, do que um professor que simplesmente não queira saber. Também é normal que seja o mais exigente que consiga melhores resultados nas aprendizagens dos alunos, mas como este "chumba" mais alunos (fruto da exigência) o seu sucesso, medido pelo Ministério da Educação, é mais baixo. Isto reflecte-se na sua própria avaliação e progressão na carreira. O sucesso real só se pode medir por exames, iguais para todas as turmas e escolas, por isso eles têm vindo a ser desvalorizados e facilitados pela tutela. A facilitação dos exames, a avaliação dos professores e as sucessivas directivas do ministério a impingir o "sucesso escolar" que é uma falácia (na verdade, a expressão significa que os professores têm de aprovar os seus alunos a todo o custo) estão a concretizar um objectivo político: os alunos estão a obter mais aprovações. Isto acontece devido às várias pressões políticas, porque na verdade os professores exigentes passam a ser penalizados e a qualidade das aprendizagens é menor. A distância entre aquilo que o ministério pensa que é a realidade e esta é cada vez maior. Daqui por uns anos a taxa de aprovação será em todas as escolas de 100%, e o nível de iliteracia e ignorância dos alunos em Portugal será a pior de sempre. Aí se verá o resultado do "Grande Salto em Frente" deste Ministério da Educação. Cheira-me que não demorará muito.

terça-feira, setembro 5

As FARC na festa do Avante

Assim
Se vê
A hipocrisia do PC
(de punho direito no ar)

sexta-feira, setembro 1

Jill Carroll na CNN

quarta-feira, agosto 30

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